ESTOCOLMO - O Partido dos Piratas, que defende a legalização da troca de arquivos na internet, registra um avanço espetacular na Suécia graças ao debate sobre a pirataria e, segundo as pesquisas, entrará no Parlamento europeu nas eleições de 7 de junho.
Fundado em janeiro de 2006, o partido, que também pretende proteger a vida privada dos internautas, avançou após a recente aprovação de leis polêmicas sobre a vigilância das telecomunicações e os downloads ilegais.
A condenação a um ano de prisão por um tribunal de Estocolmo de quatro diretores do site sueco The Pirate Bay, um dos principais endereços eletrônicos do mundo para a troca de arquivos, deu ainda mais popularidade ao partido. "Quando o veredicto foi anunciado em 17 de abril, tínhamos exatamente 14.711 membros", Rick Falkvinge, fundador do partido. "Triplicamos o número em uma semana e viramos o terceiro partido em número de adesões na Suécia. De um momento para outro estávamos em todas as partes", disse.
Um mês mais tarde, as pesquisas para as eleições europeias na Suécia dão ao partido entre 5,5% e 7,9% das intenções de voto, mais do que os 4% necessários para obter uma cadeira. Na primeira eleição, as legislativas de 2006, o partido obteve apenas 0,6% dos votos.
"Tiveram sorte do veredicto do processo do Pirate Bay ter saído no início da campanha. De todas as maneiras, tinham o potencial de progredir", afirma Ulf Bjereld, cientista político da Universidade de Gotemburgo. "O partido dos piratas mobiliza um novo terreno político, em torno da vida privada e da necessidade de compartilhar o saber, assunto fora da dicotomia esquerda-direita", continua.
As eleições europeias, que abordam temas limitados e têm pouca participação, representam o marco ideal para o surgimento de surpresas eleitorais, destacam os analistas.
Pesquisa
Segundo uma pesquisa, 13% das pessoas com menos de 30 anos votariam no partido, contra 7% entre 30 e 49 anos, e 3% dos eleitores com mais de 49 anos. O partido reúne 10,5% dos votos masculinos e apenas 1,5% dos femininos.
"É um partido de viciados em computador", reconhece com um sorriso Brian Levinsen, 31 anos, membro desde 2006, em uma reunião de militantes em Estocolmo. "Estamos no Twitter, Skype, utilizamos os blogs", destaca Jan Lindgren, diretor da campanha em Estocolmo. "Sempre há alguém conectado, inclusive às 2h ou 4h da manhã", completa.
Internautas inveterados, defensores da legalização do compartilhamento de arquivos, muitos militantes explicam que se uniram ao partido pelo temor de uma sociedade ao estilo "Big Brother". "Querem impor um controle ao que se diz, como na China ou na Coreia do Norte. Não chegamos a este ponto, mas caminhamos para lá", denuncia Robert Nyberg, de 29 anos.
O Partido dos Piratas, que tem similares em 20 países, também apresentará listas no dia 7 de junho na Polônia e na Alemanha.