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Cannes: Audiard leva Prêmio do Juri com drama carcerário - Prev

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Cannes - O diretor francês Jacques Audiard recebeu neste domingo o Grande Prêmio do Juri do 62º Festival de Cannes por "Un Prophète", filme em preto e branco que narra a sobrevivência de um jovem detento em meio à violência do universo carcerário. "Un Prophète" começa com a prisão de Malik, um jovem francês de origem árabe condenado a seis anos de prisão por um pequeno delito. Malik (interpretado pelo novato Tahar Rahim), de apenas 19 anos, não tem família e é analfabeto. Na prisão, dividida em facções, o jovem é aceito na máfia córsica, apesar de sua origem árabe e do racismo que impera neste meio. Após ser iniciado, o jovem aprende rápido como se aliar com uns e outros para defender os próprios interesses. "O que me interessava era tratar a prisão como uma metáfora da sociedade", revelou Audiard em Cannes, que tentou se afastar dos clichês dos filmes carcerários, evitando tanto o documentário denúncia como as "séries a americana". Jacques Audiard, de 57 anos, filho do célebre roteirista Michel Audiard, é um cineasta que se caracteriza por obras sombrias, exigentes e pessoais. Após iniciar como roteirista, Audiard faz sua estréia como diretor em 1994, com "Regarde les hommes tomber", interpretado pelos franceses Mathieu Kassovitz e Jean-Louis Trintignant, que levou o "Cesar" de melhor primeiro filme. Dois anos depois, filma "Un héros très discret", premiado por melhor cenário no Festival de Cannes (1996). Audiard, que se considera um artesão do cinema, dedica cinco anos para fazer seu filme seguinte, "Sur mes lèvres", que leva o Cesar de melhor roteiro e de melhor atriz, com Emmanuelle Devos. Com "De battre mon coeur s'est arrêté", o diretor conquista um grande sucesso de bilheteria e oito prêmios Cesar, em 2006. "Sempre chega aonde quer, e vai ainda mais longe. Uma vez tive que fazer mais de 30 tomas da mesma cena, fiquei louco, mas no final ele conseguiu", revelou Tahar Rahim.