O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, manifestaram nesta segunda-feira suas divergências sobre a paz no Oriente Médio, falando o mínimo possível para não comprometer uma relação história logo no primeiro encontro, em Washington.
Netanyahu resistiu aos apelos de Obama em favor da criação de um Estado palestino vizinho a Israel, dizendo vislumbrar um "acerto" com israelenses e palestinos vivendo lado a lado.
Obama se mostrou determinado a dar uma chance à diplomacia com o Irã, apesar das preocupações israelenses, fixando para o fim de 2009 o início de uma reunião para julgar o sucesso ou o fracasso desta iniciativa e avisando que as discussões entre os governos americano e iraniano não durariam eternamente.
"É do interesse, eu acredito, não somente dos palestinos, mas também dos israelenses, dos EUA e da comunidade internacional encontrar uma solução com a existência de dois Estados", disse Obama à imprensa.
Netanyahu não citou a expressão Estado palestino, apesar de ser este o tema central dos mais recentes esforços diplomáticos americano e internacional para a paz.
O premiê disse que compartilha o desejo de Obama de avançar no processo de paz e quer começar as negociações com palestinos "imediatamente".
"Quero dizer claramente que não queremos governar os palestinos", disse.
Mas apresentou condições: "Se a segurança de Israel for garantida e os palestinos reconhecerem Israel como um Estado judeu, acredito que possamos vislumbrar um acerto no qual palestinos e israelenses viveriam lado a lado na dignidade, segurança e paz".
A Autoridade palestina, que terá seu presidente Mahmud Abbas recebido por Obama dia 28 de maio, considerou os propósitos de Obama "encorajadores" e os de Netanyahu "decepcionantes".
Obama afirmou que israelenses e palestinos devem levar a sério suas obrigações assumidas no passado, como o plano de paz internacional para a paz (o mapa do caminho) e os compromissos estabelecidos em Annapolis (Estados Unidos) durante o governo George W. Bush.
"Israel terá que tomar decisões difíceis", disse Obama. "A colonização deve parar para que possamos avançar", continuou.
Para ele, será preciso também cuidar da situação humanitária na Faixa de Gaza.
Netanyahu apontou o programa nuclear iraniano, do qual Israel acredita ser o alvo, como um dos motivos de suas preocupações, assim como a paz com os palestinos.
Netanyahu manifestou preocupação com a possibilidade de a opção diplomática de Obama em relação ao Irã dar tempo ao regime islâmico de fabricar a bomba atômica.
Obama garantiu a seu convidado que a segurança de Israel é de "uma importância capital".
Negou-se, no entanto, a estabelecer um calendário "artificial", diante da pressão israelense para que o processo diplomático seja limitado no tempo.
Obama lembrou também que o Irã está em pleno processo eleitoral para a presidência de junho e que não é o melhor momento para negociar.