RANGUN - A junta militar de Mianmar estava nesta sexta-feira (15/5) sob uma forte pressão ocidental para libertar a líder da oposição Aung San Suu Kyi, transferida a uma penitenciária por desrespeitar os termos de sua prisão domiciliar.
Quinta-feira, Suu Kyi foi transferida de sua residência para a penitenciária de Insein, onde foi indiciada por uma misteriosa visita recebida de um americano, John Yettaw, a sua casa, no início deste mês.
Antes de sua transferência para o complexo de Insein, Aung San Suu Kyi, 63 anos, "precisava ser internada para exames mais completos", destacou o diplomata, qualificando o estado de saúde atual da líder opositora de "precário" e "preocupante".
A ONU, a União Europeia, os Estados Unidos e vários outros países ocidentais condenaram firmemente o novo indiciamento de Suu Kyi. Ao contrário, os países asiáticos, e principalmente a China e a Índia, vizinhos de Mianmar, ainda não se uniram às pressões contra o regime militar de Rangun, com o qual mantêm estreitas relações comerciais.
"Escrevi ontem (quinta-feira) aos representantes dos países asiáticos, sobretudo aos chineses, aos tailandeses, aos indonésios, aos japoneses, e a todos os que mantêm relações com a junta, para que façam pressão, porque esta é a chave", afirmou a secretária de Estado francesa para os direitos humanos, Rama Yade.
A organização de defesa dos direitos humanos Anistia Internacional conclamou o Conselho de Segurança da ONU e a Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) a exigir a "libertação imediata" de Aung San Suu Kyi.
O processo da opositora relacionado ao caso Yettaw está previsto para começar segunda-feira na penitenciária de Insein, onde estão presos muitos dos 2.100 prisioneiros políticos de Mianmar, ex-Birmânia, um país controlado por militares desde 1962.
A imprensa oficial birmanesa não divulgou qualquer informação sobre o indiciamento de Aung San Suu Kyi, cuja ordem de prisão domiciliar expirava no dia 27 de maio e que pode ser condenada a até cinco anos de detenção pelo caso Yettaw.
Os generais que integram a junta, no poder, pretendem organizar eleições nacionais em 2010, e têm a firme intenção de controlar este processo de ponta a ponta, descartando a líder opositora e seu partido, a Liga Nacional pela Democracia (LND).