Mehmet Ali Agca, o turco autor do atentado fracassado contra o Papa João Paulo II em 1981, manifestou seu desejo de adquirir a nacionalidade portuguesa, em homenagem a Nossa Senhora de Fátima, mas este pedido não tem nenhuma chance de ser atendido, afirmou nesta quinta-feira o governo português.
"Segundo a lei portuguesa, este pedido não tem nenhuma chance de passar", declarou o ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, ao final do Conselho de Ministros.
"Um estrangeiro, que não mora em Portugal e não fala português, só pode ter nacionalidade em circunstâncias muito excepcionais, se prestou serviços importantes ao Estado português ou à comunidade. Não é o caso", explicou.
Segundo a imprensa portuguesa, Ali Agca, que manifestou ainda a intenção de se converter ao catolicismo quando sair da prisão, explicou a vontade de se tornar português pela devoção particular do Papa João Paulo II à Virgem de Fátima (centro de Portugal), a quem ele sempre atribuiu sua sobrevivência ao atentado de 1981.
"Ali Agca não formulou pedido oficial para obter a nacionalidade portuguesa, destacou o ministro português, mas manifestou interesse, seja ao escrever para as autoridades portuguesas seja através de seu advogado, que encontrou o embaixador de Portugal em Ancara".
"Sabemos também que, simultaneamente, Ali Agca agiu de forma parecida para obter a nacionalidade polonesa", disse Silva Pereira.
O polonês Karol Wojtyla, que se tornou papa com o nome de João Paulo II, havia perdoado seu agressor que encontrou na prisão em 1983.
Depois de ter passado 19 anos na penitenciária, na Itália, o ex-militante ultranacionalista foi enviado em 2000 à Turquia onde cumpre pena por assalto a banco e assassinato.
Com 51 anos de idade, Ali Agca pode ser liberado a partir de janeiro de 2010.