NOVA DÉLHI - Um total de 110 milhões de indianos voltaram às urnas nesta quarta-feira (13/5) para a última fase das eleições legislativas, depois de uma maratona eleitoral de um mês que deve resultar em uma frágil coalizão governamental. A votação aconteceu em sete estados e dois territórios. As pesquisas de boca-de-urna serão divulgadas ainda nesta quarta-feira, mas a Comissão Eleitoral só publicará os resultados oficiais no sábado.
Chamadas de maior exercício democrático do mundo, as legislativas indianas começaram em 16 de abril e aconteceram em cinco fases. No total, 714 milhões de eleitores designam os 543 membros da Assembleia do Povo, em representação a 35 estados e territórios da União Indiana.
O Partido do Congresso do primeiro-ministro Manmohan Singh, 76 anos, enfrenta a direita nacionalista hindu do Partido do Povo Indiano (BJP), liderado por Lal Krishna Advani, 81 anos. Mas é quase impossível que um dos dois partidos mais importantes do país chegue ao poder sozinho.
A etapa posterior à eleição será crucial, já que estão previstas negociações intensas para a formação de um novo governo de coalizão para dirigir este país de 1,17 bilhão de habitantes, um verdadeiro mosaico de etnias, culturas e castas, que tem 18 línguas oficiais e um tabuleiro político totalmente fragmentado.
Mayawati Kumari, governadora do estado setentrional de Uttar Pradesh, uma região com 182 milhões de pessoas e 80 cadeiras na Assembleia, pode ser determinante tanto para o Partido do Congresso como para o opositor BJP. Ela pode até se tornar primeira-ministra, mas à frente de uma aliança singular de pequenos partidos reunidos por trás de uma "Terceira Frente".
O Partido do Congresso, uma formação laica de centro esquerda dirigida por Sonia Gandhi e seu filho Rahul - herdeiros da dinastia Nehru-Gandhi - voltou a acenar aos antigos aliados comunistas, que em julho de 2008 se afastaram do poder pela oposição ao acordo no setor nuclear civil entre Nova Délhi e Washington.
O premier Singh mencionou o fantasma das tensões interreligiosas entre a maioria hindu (80%) e a minoria muçulmana (14%), no caso de vitória do BJP. Já o BJP afirma ter aliados suficientes para vencer as eleições e se recuperar da surpreendente derrota de 2004.
As duas formações, pilares do bipartidarismo na Índia, fizeram campanha sobre temas nacionais, como o impacto da recessão que veio do Ocidente, a luta contra a pobreza, as infraestruturas, educação e o combate ao terrorismo. Mas os cientistas políticos destacam que o eleitor indiano decide o voto em função dos problemas locais e regionais. "Não existe um líder de estatura nacional capaz de tratar os temas essenciais e de entusiasmar as pessoas", lamenta a analista Neerja Chowdhury.
Para o pesquisador Yashwant Deshmukh, da agência C-Voter, o cenário é ainda pior. "Independente de quem chegar ao poder, provavelmente não ficará no cargo por mais de dois anos", opina, lembrando a instabilidade política do país nos anos 90. Mas todos destacam que a Índia precisa, no entanto, de um governo sólido em um momento ruim.
A taxa de crescimento da 10ª maior economia do mundo caiu à metade em dois anos. Além disso, a potência atômica teme ficar no meio do fogo cruzado, entre o caótico Paquistão, um Sri Lanka em guerra e o frágil Bangladesh.