PARIS - O ex-militante italiano de extrema esquerda, Cesare Battisti, detido na penitenciária brasileira da Papuda, em Brasília, onde aguarda uma decisão sobre um pedido de extradição da Itália, declarou à rede de TV franco-alemã Arte que prefere se matar a retornar ao seu país.
"Não voltarei para a Itália, não chegarei vivo à Itália, tenho medo demais de chegar à Itália. Se há uma coisa que ainda é possível escolher, é o momento de sua própria morte", afirmou o ex-militante que aguarda o veredicto do Supremo Tribunal Federal.
"Não acho que vou deixar que outros escolham minha morte, pela injustiça do governo italiano", acrescentou o ex-militante, agora escritor, foragido há 30 anos e que aceitou pela primeira vez conceder uma entrevista diante de uma câmera de televisão desde que fugiu da França em 2004, segundo a rede franco-alemã.
Battisti foi condenado à prisão perpétua por quatro homicídios cometidos na Itália no final dos anos 70, quando ele era líder do grupo "Proletários Armados pelo Comunismo" (PAC). Battisti sempre alegou sua inocência.
Entrevistado em sua cela, Battisti explicou que vive muito mal na prisão e afirmou: "trinta anos depois me encarceram por crimes que não cometi. Eu nunca matei, mas fazia parte de uma organização armada, pratiquei assaltos. Eu era um militante qualquer e fizeram de mim um monstro, o assassino".
O status de refugiado político que o Brasil poderá dar a Battisti tem sido duramente questionado pela Itália, que pediu que o STF anule essa decisão.