LIMA - O ressurgimento do grupo que espalhou o terror pelo Peru nos anos 80 e 90 ameaça desatar um novo conflito em algumas regiões do país. Fortalecidos pela associação com o narcotráfico, remanescentes da guerrilha Sendero Luminoso voltaram a agir principalmente no Vale dos Rios Apurimac e Ene - conhecido como VRAE. Seu objetivo não é mais substituir as ;instituições burguesas; por um regime comunista camponês, como no passado. Nos últimos meses, porém, seus líderes estão tentando revalorizar o componente ideológico do grupo para dar ares de ;guerra popular; ao que hoje não passa de uma luta pelas rotas da droga.
O nome da operação que o governo peruano pôs em prática para combater o novo Sendero no VRAE é ;Excelência 777;. Trata-se da maior operação militar da última década no Peru. Ela começou em agosto, mas nos últimos meses ficou clara a necessidade de mais investimentos. Desde janeiro, 32 militares já morreram em 11 emboscadas na região.
Na sexta-feira, no mais recente ataque, dois militares foram mortos por senderistas nas selvas do Peru. O chefe do Exército, Otto Guibovich, admitiu que o número de integrantes do Sendero pode chegar a 600 - o dobro do que as autoridades reconheciam até então.
;O Sendero Luminoso conseguiu mudar sua relação com a população e está avançando tanto que lembra as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc);, disse Guibovich em abril. ;Não descarto que haja uma relação com esse grupo, as técnicas empregadas são muito parecidas;.
De inspiração maoista, na esteira da proliferações de guerrilhas na região durante a Guerra Fria, o Sendero ganhou fama como a mais feroz e sanguinária organização revolucionária da América Latina. Chegou a ter 10 mil integrantes e foi responsável por mais de 35 mil mortes entre 1980 e 1999 - uma média de 5 assassinatos por dia.