O Papa Bento XVI exprimiu seu "profundo respeito" pela comunidade muçulmana nesta sexta-feira, ao chegar à Jordânia, por ocasião de sua primeira visita a um país árabe muçulmano, mas também defendeu a "liberdade religiosa" numa região onde os cristãos têm uma vida difícil.
"Minha visita à Jordânia representa para mim a feliz ocasião de destacar meu profundo respeito pela comunidade muçulmana", declarou, ao iniciar sua primeira viagem à Terra Santa, que, até 15 de maio, o levará também a Israel e aos territórios palestinos.
A "liberdade religiosa é, naturalmente, um direito humano fundamental e minha fervorosa esperança e minhas preces são dirigidas a que o respeito aos direitos inalienáveis e à dignidade (...) sejam sempre mais e mais afirmados e defendidos, não apenas no Oriente Médio, mas em todos os lugares do mundo", afirmou, no aeroporto internacional de Amã, onde foi recebido pelo rei Abdullah II, um descendente do profeta Maomé, e pela rainha Rania.
Apenas 4% dos 5,8 milhões de habitantes do reino são cristãos e a visita do Papa foi criticada por islamitas. No avião que o conduzia à Jordânia, onde permanecerá até segunda-feira, o Papa disse querer "encorajar" cristãos do Oriente Médio, um "componente importante da cultura e da vida desta região".
O tapete vermelho foi estendido para recebê-lo, tendo sido saudado, também, por uma salva de 21 tiros de canhão. Centenas de jordanianos, alguns levando a bandeira nacional, se aglomeraram para saudar no Pontífe, durante todo o percurso efetuado.
O soberano hachemita pediu ao Papa a abertura de um novo diálogo entre cristãos e muçulmanos, e para mediar uma solução para o conflito israelense-palestino.
"Hoje, unidos, devemos renovar nosso compromisso de respeito mútuo. Aqui, agora, devemos criar um novo diálogo global, através da compreensão e da boa vontade", disse.
Desejou que este diálogo possa "ajudar a dissipar a sombra do conflito, através de uma solução negociada que responda aos direitos dos palestinos à liberdade e aos direitos dos israelenses à segurança".
No avião, o Papa havia afirmado que "o diálogo trilateral (entre cristianismo, judaísmo e islã) é muito importante para a paz e também para que cada um viva bem sua religião".
As autoridades jordanianas querem que a visita do Papa seja um sucesso fazendo do reino um exemplo de coexistência entre cristãos e muçulmanos.
Os islamitas não organizaram manifestações contra a visita, mas foram tomadas medidas de segurança draconianas.
Pouco depois, num centro para portadores de deficiência, Bento XVI reafirmou a intenção de ser um "pelegrino da paz" em meio a tensões particularmente fortes na região, principalmente após a ofensiva mortífera de Israel na Faixa de Gaza em dezembro-janeiro.
"Venho simplesmente com uma intenção, uma esperança: rezar mais particularmente pelo dom precioso da unidade e da paz muito especialmente no Oriente Médio".
"Paz para Jerusalém, paz para a Terra Santa (...) a paz durável que nasce da justiça, da integridade e da compaixão, a paz que surge da humildade, do perdão, e do desejo profundo de viver em harmonia uns com os outros", acrescentou o Papa no centro Regina Pacis, administrado por voluntários jordanianos, cristãos e muçulmanos.