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OMS eleva o nível de alerta da epidemia

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A Organização Mundial de Saúde anunciou nesta quarta-feira (29/4) que o nível de pandemia mundial para o surto de gripe suína atingiu nível 5, em uma escala de 1 a 6, indicando que existe ameaça iminente de pandemia global. Ao mesmo tempo, a organização conclamou os países a ativar seus preparativos para enfrentá-la. "Com base nas informações atuais e em análises de especialistas, eu decidi elevar o nível de alerta da pandemia de influenza da atual fase 4 para a fase 5", anunciou a diretora-geral da OMS, Margaret Chan, durante entrevista à imprensa, na sede da instituição. "A pandemia está evoluindo rapidamente e a situação deve ser levada muito a sério." Keiji Fukuda, diretor-assistente da OMS, acrescentou que os países devem avaliar a situação da infraestrutura necessária para lidar com a pandemia e aumentar o acompanhamento de casos suspeitos. "Todos os países devem ativar imediatamente seus planos de preparação para a pandemia", alertou. Ao mesmo tempo em que a diretora da OMS anunciava a decisão, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, concedia em Brasília uma coletiva de imprensa, na qual explicou que as medidas recomendadas pelo órgão internacionais "já estão sendo tomadas no Brasil desde sábado". "Agora o que vamos fazer é aguardar que surjam recomendações adicionais da OMS em relação a essa situação", acrescentou o ministro. Temporão também confirmou que o Brasil tem dois casos suspeitos e monitora o estado de saúde de outras 36 pessoas. Nesta quarta-feira (29/4), Alemanha e Áustria confirmaram seus primeiros casos de gripe suína, aumentando para 11 o número de países com casos confirmados da doença: 26 no México, 91 nos Estados Unidos, 13 no Canadá, 10 na Espanha, 5 no Reino Unido, três na Alemanha, 14 na Nova Zelândia, dois em Israel, dois na Escócia, dois na Costa Rica e um na Áustria. Aumentar o índice para nível 5 significa que a doença tem dois focos, em ao menos dois países, indicando pandemia iminente. Esse estágio pode ser atingido depois que a Espanha detectou o primeiro caso de pessoa infectada que não esteve no México recentemente, mas teve contato com alguém que visitou o país. Primeira morte nos EUA Nesta quarta, autoridades sanitárias dos Estados Unidos confirmaram que um bebê mexicano de 23 meses morreu no Texas vítima de gripe suína, o que configura a primeira morte causada pela doença fora do México. Kathy Barton, porta-voz do departamento de Saúde de Houston, afirmou que a criança havia viajado para a cidade para fazer tratamentos médicos. "Infelizmente, esta manhã eu confirmo que nós tivemos a primeira morte de uma criança pelo vírus de gripe H1N1", anunciou Richard Besser, do Centro de Controle Sanitário dos Estados Unidos. "Do modo como vemos, devemos encontrar mais casos", acrescentou Besser. "Eu acredito que nós vamos continuar tendo mais mortes." México O México, onde se suspeita que a doença tenha surgido, anunciou nesta quarta-feira que, com o resultado dos exames laboratoriais, foram registrados no país 49 casos de gripe suína, onde estão confirmadas sete pessoas mortas em função da doença. O último balanço do governo mexicano também indica que outras 152 mortes no país podem ter sido causadas pelo H1N1. O comunicado do Ministério da Saúde do México diz que "os resultados dos exames recebidos dos laboratórios detectaram 23 casos positivos de gripe suína". "Com isso, e de acordo com os dados obtidos até o momento, o total de pessoas contagiadas soma 49 e, dentre estes, o número de mortes se mantém em sete", acrescenta o boletim. No Brasil O Ministério da Saúde confirmou existência de dois casos suspeitos de contaminação por gripe suína no Brasil. De acordo com o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, um deles é morador de São Paulo e o outro de Minas Gerais. Outras 36 pessoas que apresentaram sintomas da doença estão sendo monitoradas. São pessoas que chegaram de países onde a doença foi registrada e apresentaram algum dos sintomas da doença. O ministro alertou, no entanto, que não há confirmação de contaminação da doença no país. Os dois pacientes cujos casos são considerados suspeitos passam por tratamento médico. Segundo Temporão, há pacientes sendo monitorados no Amazonas, Bahia, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Pará, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Santa Catarina e São Paulo. O ministro reforçou, no entanto, que o Brasil está preparado para combater a doença, e que possui matéria prima para produzir medicamentos para tratar até 9 milhões de pacientes de influenza. "Em 2000, o Brasil começou a instalar uma rede de vigilância para a Influenza e, em 2003, elaborou um plano de preparação para o enfrentamento da doença", disse. Até esta terça-feira (27/4), 300 mil folders alertando sobre a doença foram distribuídos em 46 aeroportos do país. Níveis de alerta da pandemia Nível 1 -Vírus de gripe circulam entre animais, especialmente aves. Nenhum vírus de animais infectou humanos Nível 2 - Um vírus de animais infectou pessoas. Existe potencial ameaça pandêmica Nível 3 - Casos esporádicos ou pequenos focos de doença em humanos, sem capacidade para transmissão entre humanos Nível 4 - Transmissão entre pessoas, capaz de causar surtos em nível comunitário. Há aumento significativo no risco de pandemia Nível 5 - Transmissão entre pessoas são confirmadas em ao menos dois países de uma região da OMS. Pandemia iminente Nível 6 - Epidemia global em andamento