Inquietação, mas com cautela. Eis a postura adotada pelo governo brasileiro com relação à possibilidade de chegada da gripe suína ao país. O recado foi dado pelo diretor-geral da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), José Agenor Álvares, na tarde de ontem. ;Não é motivo para alarde, preocupação sim. A população tem que ficar tranquila porque o governo está trabalhando para evitar que esse vírus entre no Brasil;, avisou Agenor depois de participar da reunião do Gabinete Permanente de Emergência.
Agenor criticou as autoridades sanitárias mexicanas pela demora na divulgação dos casos da doença. Ele lembrou que, apesar de os primeiros casos terem ocorrido em março, o México fez a notificação na semana passada. ;Somos orientados a não ocultar casos graves. Isso não repercute apenas em um Estado, há reflexos gerais. É preciso ter responsabilidade com a saúde do povo;, disse.
O Gabinete Permanente de Emergência, formado por técnicos dos ministérios da Saúde e da Agricultura e da Anvisa, foi criado em 2006 por conta da gripe aviária e reunia-se mensalmente.
Há um problema, no entanto. A imensa maioria dos 421 casos (257 mortes) de gripe aviária ; entre 2003 e 2009 ; foi fruto do contato entre pessoas com aves doentes. A nova epidemia é transmitida entre humanos e, em tese, se propagaria mais rápida e facilmente. Especialistas vão se encontrar diariamente para monitorar a situação.
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, teve a rotina alterada por conta da doença. Ele, que desde sábado está na Turquia participando de um congresso de saúde coletiva, deve antecipar o seu retorno ao Brasil. A volta estava prevista para o domingo, mas foi remarcada para hoje. Temporão tem conversado por telefone com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o caso. Lula afirmou ter sido informado pelo ministro que o Brasil, por enquanto, não tem motivos para se preocupar. Ao contar sobre a ligação, fazendo o sinal da cruz, o presidente afirmou: ;Graças a Deus, até agora, não chegou ao Brasil. Eu espero que não chegue nunca;.
Para reforçar a ;calmaria;, uma nota do Ministério da Agricultura relatou os cuidados diante do risco da doença. ;O sistema de vigilância do serviço veterinário oficial está em alerta.;