PORT OF SPAIN - O presidente Barack Obama defendeu neste domingo (19/04) seu amistoso encontro com seu colega venezuelano Hugo Chávez durante a Quinta Cúpula das Américas depois das fortes críticas que recebeu em seu país, onde muitos o chamaram de irresponsável.
"É improvável que, em consequência de apertar a mão ou manter uma conversa educação com o senhor Chávez, estejamos colocando em perigo os interesses estratégicos dos Estados Unidos", declarou Obama ao fim do encontro.
Apesar disso, admitiu suas preocupações em relação à política da Venezuela. "Tenho grandes diferenças com Hugo Chávez em temas como política econômica e exterior. Há instâncias nas quais vimos a Venezuela interferir em alguns países que considero preocupantes", explicou.
Nos Estados Unidos, um senador republicano criticou a aproximação entre Chávez e Obama durante a cúpula em Trinidad e Tobago. "Acho que foi algo irresponsável por parte do presidente ser visto rindo e brincando com Hugo Chávez", declarou John Ensign. "Chávez é um ditador cruel e um dos líderes mais antiamericanos em todo o mundo", afirmou ainda.
A foto do primeiro encontro entre Obama e Chávez na abertura da Cúpula das Américas foi publicada neste sábado nas primeiras páginas dos principais jornais da Venezuela. Segundo a presidência venezuelana, que divulgou as fotos, Chávez teria se dirigido a Obama dizendo: "Com esta mão há oito anos saudei Bush. Quero ser teu amigo".
"Nós nos demos as mãos como cavalheiros e isto era previsível", afirmou Chávez posteriormente, contando o episódio. "Estou certo de que o presidente Obama, como eu, não tem problemas para apertar as mãos, e agradeço seu gesto de se aproximar para me cumprimentar", destacou Chávez ao estimar que ao contrário do ex-presidente George W. Bush, Obama "é um homem inteligente, jovem e negro", e um "político de experiência, apesar de sua juventude".
Após o histórico aperto de mãos, Chávez presenteou Obama com o livro "As veias abertas da América Latina", do uruguaio Eduardo Galeano. O livro tem uma dedicatória pessoal, na qual Chávez afirma esperar que o presidente americano possa "aprender com a história". "Para Obama com afeto", escreveu Chávez, segundo ele mesmo contou mais tarde.
Em novembro passado, Chávez qualificou a eleição de Obama de "histórica", mas posteriormente desqualificou o líder americano ao chamá-lo de "pobre ignorante".
A Venezuela expulsou o embaixador americano em Caracas, em setembro passado, e Washington reagiu fazendo o mesmo com o representante diplomático de Caracas nos Estados Unidos.
Mas, na noite de sábado, Chávez, anunciou ter designado o atual representante do país ante a Organização dos Estados Americanos (OEA), Roy Chaderton, como novo embaixador em Washington e assegurou que agora está esperando a autorização dos Estados Unidos para sua aprovação.