O legionário francês de origem brasileira Josafá de Moura Pereira foi acusado nesta sexta-feira pelo assassinato de quatro pessoas no dia 7 de abril passado, em Abeche, no leste do Chade, ao se apresentar ao Tribunal das Forças Armadas de Paris, informou seu advogado, Eric Morain.
Josafá de Moura Pereira, de 26 anos, foi acusado de "homicídio voluntário" de dois camaradas - um sargento de origem guineana e um legionário de origem romena, que integravam a Eufor, a força européia de manutenção da paz no Chad -, de um soldado do Togo membro da Missão das Nações Unidas na África Central (Minurcat) e de um camponês chadiano.
"Ele tem um discurso coerente para explicar seu gesto, já que foi alvo de repetidas agressões, violências, assédio e ameaças de morte de cabos e sargentos, e de brincadeiras contra sua crença cristã evangélica", destacou o advogado.
Josafá "lamenta, evidentemente, seu gesto e vai cooperar com a Justiça".
A família de Josafá de Moura Pereira afirma que ele agiu em legítima defesa, já que "acreditava que seria morto".
O legionário enviou "um e-mail antes dos crimes, de madrugada, dizendo que estava sendo ameaçado e que não sabia se sairia vivo", revelou Jair Pereira, irmão de Josafá. "Estava sendo perseguido", aparentemente por ser "cristão" evangélico.
Josafá havia chegado ao aeroporto de Roissy às 17H30 local (12H30 Brasília) desta sexta-feira, a bordo de um avião militar francês.
O jovem foi detido no dia 9 de abril, pela polícia chadiana, quando tentava obter água após dois dias de fuga pela árida região de Abeche.