RAMALLAH - Os Estados Unidos deveriam pressionar Israel a se ater aos compromissos de paz e a aceitar o princípio da existência de um Estado palestino, disseram representantes dos palestinos ao enviado especial americano George Mitchell durante encontros ocorridos nesta sexta-feira (17/04).
Mitchell, representando o presidente Barack Obama, reuniu-se com o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmud Abbas, em Ramallah depois de encontrar-se com políticos do movimento laico Fatah.
A visita ocorre em um momento no qual o debate sobre a criação de um Estado palestino independente, soberano e viável emerge como fonte de atrito entre os novos governos dos Estados Unidos e de Israel. Durante a visita à região, Mitchell declarou em mais de uma ocasião que a solução de dois Estados, um israelense e outro palestino, convivendo lado a lado e em paz é uma questão de interesse nacional para os Estados Unidos.
No entanto, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e outros altos funcionários do governo opõem-se à ideia, preferindo deixar para o futuro uma decisão sobre a criação de um Estado palestino. Uma fonte no governo israelense disse que, no encontro de ontem entre Mitchell e Netanyahu, o líder israelense teria manifestado apreensão com a criação de um Estado palestino por temer que o grupo islâmico Hamas venha a controlar também a Cisjordânia. O Hamas governa atualmente a Faixa de Gaza.
De acordo com a fonte, a experiência da retirada israelense de um território palestino ocupado para que ele posteriormente venha a ser governado por radicais "não se repetirá". A fonte conversou sob a condição de anonimato porque detalhes do encontro de ontem à noite não foram tornados públicos. Hoje, Abbas pediu a Mitchell que Israel receba dos EUA o mesmo grau de cobrança que recebem os palestinos. O líder palestino pediu que o presidente Obama "assegure que Israel cumpra seus compromissos", ressaltando que o contrário enfraqueceria os moderados e fortaleceria os radicais.