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Índia, a maior democracia do mundo, vai às urnas

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NOVA DÉLHI - A Índia, a maior democracia do mundo com 714 milhões de eleitores, afetada pela crise econômica mundial e o terrorismo do sudeste asiático, celebra nesta quinta-feira (16/04) em 15 estados e dois territórios o início de eleições legislativas que vão durar um mês. Um total de 143 milhões de eleitores estão registrados para comparecer às urnas em 124 circunscrições de 15 estados e dois territórios do norte, leste e sul, algumas delas afetadas pela extrema pobreza ou por insurreições maoístas, islamitas ou de tribos locais. Chamada de "maior exercício democrático do mundo", a eleição acontecerá em cinco fases, até 13 de maio. Nas votações, os indianos elegerão 543 deputados da Assembleia do Povo, que representa os 28 estados e sete territórios da União Indiana. Parte da Caxemira indiana - de maioria muçulmana e que tem, desde 1989, uma insurreição separatista ativa de grupos islamitas armados procedentes da Caxemira paquistanesa - começou a votar em meio ao temor de represálias de grupos muçulmanos separatistas. No leste do país, rebeldes maoístas mataram entre quarta-feira e quinta-feira 16 pessoas, incluindo nove paramilitares mobilizados para cuidar da segurança nas eleições legislativas. Nos ataques também morreram cinco rebeldes, dois soldados e dois civis. O país de 1,17 bilhão de habitantes tem 828 mil locais de votação, de Mumbai até a fronteira birmanesa e a Caxemira, no norte, passando pelo extremo sul de Kerala, vigiados por 6,1 milhões de policiais, soldados e observadores civis. Em uma Índia totalmente fragmentada, o primeiro-ministro Manmohan Singh, um sikh de 76 anos que dirige uma coalizão de centroesquerda, encarna a mistura de etnias e castas de um país que tem 18 línguas oficiais e forma a sociedade mais complexa do planeta. Em 62 anos de independência, a Índia se transformou em uma potência nuclear e na 10ª maior economia mundial, apesar das desigualdades sociais e das tensões religiosas entre hindus (80,5%), muçulmanos (13,5%), cristãos (2,3%) e sikhs (1,9%). No mapa político ultradividido, nem o Partido do Congresso de Singh - presidido por Sonia Gandhi, a influente herdeira da dinastia Nehru-Gandhi e seu filho Rahul - nem a oposição de direita nacionalista hindu do Partido do Povo Indiano (BJP) de Lal Krishna Advani, 81 anos, conseguirão eleger deputados suficientes para govrnar sozinhos. Os resultados, que serão conhecidos em 16 de maio, são incertos, mas podem desembocar em um governo de coalizão formado por alianças posteriores às eleições, puramente circunstanciais e sem coerência ideológica entre partidos nacionais e formações regionais. Neste contexto, a governadora do estado de Uttar Pradesh (182 milhões de habitantes e 80 cadeiras na Assembleia), a hindu "intocável" Mayawati Kumari, e seu Partido da Sociedade Dalit podem se tornar um árbitro das eleições para o Partido do Congresso ou para o BJP. Podem até eleger o primeiro-ministro à frente de um grupo heteróclito de pequenos partidos.