Jornal Correio Braziliense

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Obama volta-se para vizinhos do sul para tranquilizá-los

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Barack Obama vai dedicar durante alguns dias toda a sua atenção a seus vizinhos mais próximos, México, América Latina e Caribe, depois de ter-se preocupado durante grande parte de seu mandato recente com os Estados Unidos ou com países mais distantes. Recém-chegado da Europa, da Turquia e do Iraque, Obama viaja na quinta-feira (16/4) para o México para reuniões com um de seus grandes interlocutores internacionais, o presidente Felipe Calderon. De sexta-feira a domingo participará da Cúpula das Américas com os chefes de Estado e de governo de mais de 30 países em Trinidad e Tobago. Três meses após a sua posse, Obama realiza a sua primeira viagem pelo continente com a intenção de defender a ação de seu governo para pôr fim à crise econômica e de demonstrar a importância que atribui aos vizinhos do sul. Pelo fato de sua prosperidade depender fortemente da saúde econômica dos Estados Unidos, que após anos favoráveis, enfrentam o fantasma do crescimento negativo, os líderes das Américas esperam que Obama explique a sua estratégia para relançar a maior economia mundial. Jeffrey Davidow, o escudeiro de Obama para esse encontro, menciona o sentimento (desses países) por terem sido "negligenciados" durante anos: "Concordemos ou não com esta percepção, ela é sentida muito fortemente" e "o presidente se empenhou para eliminá-la antes mesmo de assumir suas funções". Os oito anos da Presidência Bush viram formar-se na América Latina uma forte corrente antiamericana personificada pelo presidente venezuelano Hugo Chavez. Obama teve a visita precedida por viagens de seu vice-presidente Joe Biden e de vários ministros. Defensor do multilateralismo, ele "chega à cúpula no auge de sua popularidade", disse o especialista Peter Deshazo. O presidente também leva uma parte do mérito pela decisão dos grandes líderes do mundo de concederem ao Fundo Monetário Internacional e ao Banco Mundial trilhões de dólares suplementares, dos quais uma boa parte deverá beneficiar a América Latina. Mesmo que nenhuma iniciativa maior nem um novo compromisso financeiro significativo sejam anunciados por Obama na cúpula, ele deverá deixar claro que se nega a permitir que "os mais pobres dos pobres" paguem um preço desproporcional pela crise. Deverá também tentar persuadir os dirigentes das Américas a apoiar as pressões exercidas por seu governo sobre Cuba, a grande ausente do encontro. Muitos líderes criticam sua recusa em retirar o embargo americano sobre a ilha. Na segunda-feira, Obama a amenizou as sanções americanas, mas manteve o embargo.