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Coreia do Norte: Pyongyang reativa o programa nuclear

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Horas depois de o Conselho de Segurança das Nações Unidas condenar o lançamento de um foguete na Coreia do Norte ocorrido no início do mês, o regime de Pyongyang afirmou, em comunicado, que vai abandonar as ;negociações a seis; sobre o fim de seu programa nuclear. Além disso, prometeu reativar as instalações atômicas, com o objetivo de se defender de ataques feitos por qualquer nação. O ministério das Relações Exteriores norte-coreano assegurou rejeitar a ação da ONU, ;que deliberadamente infringe a soberania do país e agride a dignidade do povo coreano;. ;As discussões a seis ; entre Japão, Estados Unidos, China, Rússia, e as Coreias do Sul e do Norte ; não têm mais razão de ser;, afirmou a nota da chancelaria. O governo local prometeu jamais participar dessas reuniões e declarou não se considerar obrigado a cumprir qualquer decisão adotada entre os países. ;Vamos adotar as medidas necessárias para reabrir nossas usinas nucleares desativadas (...) e reintroduzir os bastões de combustível nuclear nos reatores experimentais;, ameaçou o comunicado. O documento ainda afirma que serão tomadas medidas para restaurar o estado original das instalações nucleares desfeitas, além de ;reforçar seu poder de dissuasão nuclear para garantir sua defesa por todos os meios;. Dessa vez, as ameaças escaparam da retórica. A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) revelou ontem que a Coreia do Norte pediu aos inspetores nucleares que abandonem o país. O sul-coreano Jing-dong Yuan, especialista em política internacional pela universidade norte-americana de Monterey, considera a decisão do regime ;infeliz;. ;Será um péssimo cenário se a ameaça norte-coreana for real, já que isso pode prejudicar fortemente toda a comunidade internacional;, lamentou, em entrevista ao Correio. Yuan explicou que Pyongyang tem o costume de desrespeitar acordos estabelecidos e agir agressivamente contra os países que fazem o mesmo. ;A Coreia do Norte certamente ia reagir com força contra qualquer decisão das Nações Unidas que não a favorecesse;, afirmou. ;Mas em 2006, após testes nucleares, eles voltaram à mesa de negociações e os meses seguintes mostraram evolução. Em um cenário favorável, isso pode ocorrer novamente.;
Entenda a crise nuclear envolvendo Coreia do Norte e Ocidente 1994 21 de outubro: a Coreia do Norte assina um acordo com os Estados Unidos no qual aceita parar e depois desfazer seu controverso programa nuclear, em troca de reatores de energia elétrica fornecidos pelos EUA, Coreia do Sul e Japão. 1998 31 de agosto: o governo norte-coreano admite ter lançado um foguete carregando o primeiro satélite do país, depois de especulações de que um foguete Taepodong I havia sobrevoado a principal ilha do Japão, Honshu, e caído na costa japonesa. 2002 Outubro: o embaixador norte-americano James Kelly confronta Pyongyang ao apresentar pistas que ligam a Coreia do Norte a um programa de enriquecimento de urânio. O governo norte-coreano diz ter o direito de possuir armas nucleares Dezembro: o país asiático divulga planos de religar o reator de Yongbyon, desabilita os dispositivos de vigilância da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) em Yongbyon e expulsa os inspetores da AIEA. 2003 Janeiro: Coreia do Norte abandona o Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares Agosto: a primeira etapa de conversas entre Estados Unidos, Japão, China, Rússia e Coreias do Sul e do Norte é iniciada em Pequim, na China. A Coreia do Norte ameaça testar bombas nucleares e mísseis Outubro: o país comunista diz ter reforçado sua "dissuasão nuclear" com plutônio reprocessado de milhares de bastões de combustível nuclear, e se mostra disposto a mostrar isso. 2004 Janeiro: Pyongyang permite que uma delegação norte-americana não-oficial, incluindo especialistas em questões nucleares, viaje pelo território de Yongbyon Fevereiro: o pai da bomba nuclear paquistanesa, o cientista Abdul Qadeer Khan, admite ter repassado tecnologia relacionada a urânio para a Líbia, o Irã e a Coreia do Norte. A nação comunista considera a confissão mentirosa. Também acontece a segunda rodada de discussão entre os "seis países" em Pequim Junho: terceira rodada de conversas. Os Estados Unidos propõem auxílio-combustível e garantias de segurança a Pyongyang caso os programas nucleares sejam abandonados 2005 Fevereiro: a Coreia do Norte declara oficialmente, pela primeira vez, possuir armas nucleares, e acrescenta que vai abandonar as negociações entre os seis países. Setembro: os seis países finalmente fazem uma declaração conjunta. A nação norte-coreana promete desistir de programas de armas nucleares em troca de ajuda, garantias de segurança e laços diplomáticos. Novembro: a quinta rodada de discussões em Pequim termina sem progresso. Tempos depois, a Coreia do Norte protesta contra medidas repressivas dos Estados Unidos em relação a suas finanças internacionais 2006 Julho: o país asiático lança sete mísseis na costa leste, como forma de testes. Entre eles está incluído o míssil de longo alcance Taepodong-2 Outubro: a Coreia do Norte explode seu primeiro engenho nuclear 2007 8 de fevereiro: ocorre conversa entre os seis países em Pequim, uma semana após oficiais norte-americanos e norte-coreanos se encontrarem para discutir o congelamento financeiro para contenção de gastos 13 de fevereiro: a Coreia do Norte concorda em fechar o complexo do reator de Yongbyon e permite que inspetores internacionais entrem no local, como parte de um plano de desarmamento. 2008 12 de junho: a Coreia do Norte pede aos outros membros da negociação que acelerem a entrega da ajuda energética ao país 26 de agosto: os norte-coreanos suspendem o desmantelamento do programa nuclear, alegando que os Estados Unidos não estariam cumprindo partes do acordo de desarmamento 19 de setembro: o país comunista confirma a reativação do reator nuclear de Yongbyon 2009 5 de abril: a Coreia do Norte lança um foguete de longo alcance e afirma que ele leva um satélite de comunicação à órbita da Terra. Os EUA e seus aliados criticam o lançamento, pois acreditam se tratar de um míssil de longo alcance. Estes países solicitam uma reunião do Conselho de Segurança da ONU pra discutir o assunto 13 de abril: o Conselho de Segurança da ONU condena o lançamento do foguete norte-coreano, considerado um ato de desobediência a determinações das Nações Unidas. A Coreia, então, anuncia que vai abandonar as negociações e retomar seu programa nuclear Fontes: Reuters e site G1