BANGCOC - Os últimos "camisas vermelhas", manifestantes contrários ao governo da Tailândia, cercados pelo Exército, acataram nesta terça-feira (14/04) a ordem de dispersão dos líderes do movimento, depois dos violentos incidentes que entre domingo e segunda-feira deixaram dois mortos em Bangcoc.
Ao mesmo tempo, o chefe da polícia nacional, Patcharawat Wongsuwan anunciou que os líderes das manifestações serão levados à justiça por violação ao estado de exceção em Bangcoc, . "Os principais dirigentes do movimento de protesto serão levados à justiça", declarou o general Patcharawat. "As ordens de prisão serão emitidas em breve por acusações de reunião ilegal de mais de cinco pessoas, o que está proibido durante o estado de exceção", completou o chefe de polícia.
Os manifestantes, cercados desde a noite de segunda-feira perto da sede do governo, anunciaram uma dispersão. A informação foi divulgada por uma das líderes dos protestos, Prateep Ungsongtham Hata. "Nós não nos renderemos, nos limitamos a uma dispersão, porque não fizemos nada de errado", afirmou.
Fontes militares afirmaram que mais de 2 mil manifestantes estavam concentrados durante a noite perto da sede do governo de Bangcoc, cercados por centenas de soldados armados e veículos blindados, um dia depois de uma jornada de violência e anarquia que terminou com pelo menos dois mortos e 123 feridos, dois deles em estado grave. "O motivo pelo qual decidimos a dispersão está vinculado ao fato de que nós queremos evitar mais perda de vidas", disse Prateep.
A dispersão da concentração na sede do governo, iniciada em 26 de março, acabou com dois dias de caos e violência na capital, segundo o ministério da Saúde. Decepcionados, alguns manifestantes retiraram as camisas vermelhas, símbolo dos partidários do ex-premier Thaksin Shinawatra, popular entre as classes mais pobres, sobretudo da região norte do país, que se exilou após ser derrubado por um golpe militar em 2006.
Os manifestantes exigiam a renúncia do primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva, acusado de ser um "fantoche" nas mãos do Exército e de alguns conselheiros do rei Bhumibol Adulayadej.
Três dirigentes do movimento de protesto foram indiciados pelos incidentes, com acusações de incitar a violação da lei do estado de exceção decretado no domingo em Bangcoc e seus arredores.
Ao contrário do que aconteceu durante as manifestações de opositores monárquicos no fim de 2008, que precipitaram a queda de um governo de aliados de Shinawatra, desta vez o Exército reprimiu os protestos.