No Vaticano, onde o Papa pronunciou o tradicional "urbi et orbi", em Jerusalém, e em diversos outros lugares do mundo, centenas de milhares de cristãos celebram neste domingo a Páscoa, a data mais importante do cristianismo.
Na praça São Pedro, Bento XVI pediu "esforços perseverantes e sinceros para a resolução do conflito israelense-palestino", um mês antes de sua viagem à região, prevista para o dia 11 de maio.
"A difícil, mas indispensável reconciliação, que constitui a primeira condição para um futuro de segurança comum e de convivência pacífica, somente se tornará realidade com esforços perseverantes e sinceros para a resolução do conflito israelense-palestino", declarou Bento XVI.
Durante a solene oração, pronunciada diante de dezenas de milhares de fiéis, o líder da Igreja católica também se referiu à África, onde viajou recentemente, e à crise econômica.
Ele exortou o continente africano a utilizar "as armas da justiça e da verdade, da misericórdia, do perdão e do amor".
"A África sofre desmedidamente de conflitos intermináveis e cruéis, mas também da fome, da pobreza e da doença", afirmou.
Bento XVI também considerou "urgente" reencontrar "perspectivas capazes de devolver a esperança, em tempos de insuficiência mundial de alimentos, de perturbações financeiras, de aquecimento global, de violência e de miséria, e de um terrorismo que segue ameaçador".
Ele também emitiu uma advertência contra "o materialismo e o niilismo".
O Papa deu em seguida a bênção "urbi et orbi" (à cidade e ao mundo), que conclui as celebrações pascais, durante as quais são celebradas a morte e a ressurreição de Jesus Cristo.
Na hora de dar a bênção, em 63 idiomas, Bento XVI também mencionou os sobreviventes do terremoto de 6 de abril passado, que deixou quase 300 mortos na região dos Abruzzos, no centro da Itália.
Em L'Aquila, epicentro do terremoto, os sobreviventes da catástrofe continuam chocados, e poucos compareceram às missas pascais organizadas nos campos de desabrigados.
O chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi, assistiu a uma cerimônia ao ar livre celebrada pelo arcebispo de L'Aquila, Giuseppe Molinari, na escola militar, um dos raros edifícios da cidade poupados pelo terremoto. Ao chegar a L'Aquila, Berlusconi prometeu a alguns dos 24.000 desabrigados que seu governo fará o máximo para que eles "deixem as barracas o mais cedo possível", e agradeceu os socorristas "do fundo do coração".
Em Jerusalém, milhares de pergerinos foram rezar no Santo Sepulcro, o lugar da Cidade Santa onde, de acordo com a tradição cristã, Jesus morreu e ressucitou.
Uma procissão foi em seguida organizada em volta da gruta onde Jesus foi enterrado, e os fiéis percorreram em seguida as ruelas do bairro antigo de Jerusalém.
No Iraque, centenas de cristãos se reuniram em Bagdá para celebrar a Páscoa, rezando pelos milhares de fiéis que tiveram de fugir do país por causa da violência desde a invasão americana de 2003.
Em Hong Kong, o cardeal Joseph Zen, famoso por suas críticas à situação religiosa na China, celebrou sua última missa pascal antes de sua aposentadoria, prevista para o fim deste mês.
Dirigindo-se a jornalistas, o religioso de 77 anos conclamou os católicos da China a "manterem o verdadeiro espírito" na expressão de sua fé.
O arcebispo de Canterbury, Rowan Williams, líder da Igreja anglicana, afirmou que "a crise financeira abalou duramente a ideia de que a felicidade humana só pode ser avaliada em termos de crescimento e de posses materiais".
Nas Filipinas, as celebrações pascais começaram já na sexta-feira, com cerimônias encenando a Paixão de Cristo. Trinta pessoas, entre elas um australiano, ficaram pregados a uma cruz de madeira por vários minutos.