Dezenas de milhares de manifestantes foram às ruas da capital da Geórgia nesta quinta-feira (9/4) e pediram a renúncia do presidente do país, Mikhail Saakashvili. Os manifestantes, que se concentraram em frente ao parlamento, acusam Saakashvili de ter levado a Geórgia a uma guerra desastrosa contra a Rússia no ano passado e ter tornado o poderoso vizinho um inimigo do país.
"Você não tem o direito de liderar o país", disse Levan Gachechiladze, um líder da oposição, em discurso à multidão. As manifestações desta quinta foram marcadas para coincidir com o Dia da Unidade Nacional da Geórgia, que comemora um protesto em 1989 no qual 20 manifestantes foram mortos, quando soldados soviéticos tentaram dispersá-los a bala. Alguns manifestantes culpam Saakashvili pelo desemprego galopante na Geórgia. Mas a maioria critica a maneira como deflagrou e conduziu o conflito de agosto do ano passado, que deixou milhares de georgianos desabrigados e levou Moscou a reconhecer a independência de duas províncias separatistas da Geórgia.
Uma vez muito admirado pelos georgianos como um reformista pró-Ocidente, Saakashvili, de 41 anos, tem sido cada vez mais criticado por seu suposto governo autoritário. Embora os georgianos tenham apoiado o país na época da guerra, nos últimos meses a oposição se uniu e ganhou força. Saakashvili foi reeleito no ano passado e disse que pretende ficar no cargo até o final do mandato em 2013. Os manifestantes, nesta quinta-feira queriam ficar nas ruas até que ele renunciasse - usando as mesmas táticas dos partidários de Saakashvili em 2003, quando levaram à renúncia o então presidente da Geórgia, Eduard Shevardnadze.
Saakashvili tentou reduzir as tensões. "Nós devemos ficar juntos apesar das opiniões diferentes. Precisamos continuar o desenvolvimento como um país democrático", ele disse em comunicado. Vários aliados de Saakashvili, no entanto, se voltaram contra o presidente após a derrota militar para a Rússia. O ex-líder do Parlamento, Nino Burdzhanadze, um dos mais próximos aliados, e Irakli Alasania, embaixador do país nas Nações Unidas, passaram para a oposição.