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Crianças são 'as mais vulneráveis' depois de um terremoto

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As crianças, "que não entendem e não são autônomas", são as "mais vulneráveis" que os adultos depois de um terremoto como o que devastou os Abruzzos, afirmou nesta quarta-feira (08/04) a psicóloga Annalisa Cardone, que trabalha no hospital de L'Aquila. As pessoas que mais precisam de ajuda são "as vítimas diretas e suas famílias", explicou Cardone à AFP, destacando que "entre estas pessoas, as crianças são as mais vulneráveis". "Elas não entendem, não podem se expressar claramente, têm pesadelos e comportamentos estranhos, que também preocupam seus pais", declarou. "Por isso, é muito importante que os pais tentem ao máximo conter seu trauma na frente de seus filhos", insistiu a psicóloga. É preciso, também, ter muito cuidado com os idosos, alertou Cardone. "Alguns perderam tudo e não têm mais perspectivas. Pensam que o que perderam hoje está perdido para sempre. É preciso convencê-los de que a vida pode, sim, continuar", afirmou. "As pessoas idosas também podem perder contato com a realidade", acrescentou, citando o exemplo de "uma senhora cuja mente retornou a quatro anos atrás". "Ela queria salvar sua filha, morta em 2005", comentou. Os adolescentes também devem ser vigiados, pois tendem a "aumentar a intensidade de seus sentimentos". Annalisa Cardone e seu colega Claudio Linda já examinaram 50 a 60 pessoas no hospital móvel de L'Aquila. "Infelizmente não podemos resolver tudo, mas fazemos o possível para reduzir a ansiedade das pessoas", declarou Linda, ressaltando que quando acontece este tipo de tragédia, "o trauma não vem nos primeiros dias, mas depois". "As pessoas têm pesadelos, revivem o terremoto, ou não conseguem voltar ao lugar do drama", exemplificou. Ambos acolheram sobreviventes resgatados dos escombros, mas segundo Cardone "estes não são os mais traumatizados". "Os mais marcados emocionalmente são os que retiraram das ruínas os corpos de seus próprios parentes", afirmou. No hospital, os dois psicólogos ajudam pessoas internadas com ferimentos. Porém, "nos acampamentos (onde estão reunidos os desabrigados), há menos problemas verdadeiramente físicos e mais pessoas querendo falar dos próprios medos e angústias", revelaram.