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Obama faz primeira visita ao Iraque e adverte para 18 meses 'críticos'

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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, advertiu nesta terça-feira durante sua primeira visita ao Iraque que os próximos 18 meses serão perigosos para o país, e pediu firmemente ao governo dirigido pelos xiitas que passe a integrar mais os sunitas no processo político. "Os 18 próximos meses vão ser um período crítico" declarou Obama diante de 600 soldados americanos reunidos em Camp Victory, a maior base americana do Iraque, perto do aeroporto de Bagdá. "Chegou a hora de transferir o poder aos iraquianos. Eles têm que assumir totalmente o controle de seu país", acrescentou o presidente, que deixou o Iraque no fim da tarde desta terça-feira após uma visita de algumas horas, sua primeira a este país como presidente dos Estados Unidos. Obama se encontrou com seu colega iraquiano, Jalal Talabani, e seus dois vice-presidentes, antes de se reuunir com o primeiro-ministro Nuri al-Maliki em Camp Victory. O premier iraquiano teve de se deslocar à base americana porque o helicóptero de Obama não pôde decolar rumo ao centro de Bagdá, a cerca de 10 km dali, devido ao mau tempo. O presidente dos Estados Unidos insistiu para que Maliki associe todas as facções políticas ao processo de reconciliação para garantir a estabilidade. "É absolutamente indispensável que todos os iraquianos sejam integrados ao governo e às forças de segurança", declarou, referindo-se à comunidade sunita, que perdeu o poder no momento da derrubada do regime de Saddam Hussein, em abril de 2003. Obama fez estas declarações depois de uma série de detenções entre os 92.000 milicianos dos 'sahwa', os ex-rebeldes sunitas que se voltaram contra a rede Al-Qaeda com o apoio do Exército dos Estados Unidos e que acabam de passar ao controle do governo. Estas detenções reacenderam os temores de que vários destes milicianos voltem para a insurreição. De acordo com Yassin Majid, conselheiro de Maliki, Obama garantiu ao premier iraquiano que as tropas americanas deixarão o país na data prevista, ou seja, antes do fim de 2011. "Ele reiterou sua promessa de retirar as tropas na data prevista", declarou Majid à AFP. Segundo este conselheiro, os dois dirigentes "concordaram no fato de que o Iraque está mais estável e seguro, apesar dos ataques recentes". No fim de fevereiro, Obama anunciou que a maior parte dos 140.000 militares americanos posicionados no Iraque deixará o país antes do dia 31 de agosto de 2010, ficando apenas uma força de 35.000 a 50.000 homens. Durante sua visita, não anunciada por motivos de segurança, o presidente americano, que acaba de encerrar uma viagem à Europa e à Turquia, também se encontrou com o comandante-chefe das forças americanas no Iraque, o general Raymond Odierno, no palácio Fao, uma antiga residência de Saddam Hussein. Segundo a Casa Branca, o general Odierno disse a Obama que apesar dos recentes ataques, a violência atingiu seu nível mais baixo desde 2003. O presidente americano ressaltou que ainda há muito trabalho pela frente e insistiu na necessidade para o Iraque de se dotar de instituições sólidas, além de ressaltar a importância das eleições legislativas previstas para o fim de 2009. Segunda-feira, seis carros-bombas explodiram em bairros xiitas de Bagdá, matando 34 pessoas. Nesta terça-feira, pelo menos nove pessoas morreram e outras 26 ficaram feridas em novos atos de violência. O Exército americano e as autoridades iraquianas acusaram a Al-Qaeda e membros do proscrito partido Baath.