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Crise econômica prossegue eliminando empregos nos Estados Unidos

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Sem perspectivas de melhoria a curto prazo, a economia americana continua eliminando milhares de postos de trabalho mensalmente, assustando os mercados e elevando a taxa de desemprego ao nível mais alto em 25 anos. Após quatro meses catastróficos, a primeira economia mundial suprimiu mais 663.000 empregos em março, segundo dados publicados nesta sexta-feira pelo departamento do Trabalho, indicando um aumento de 0,4 ponto percentual em relação a fevereiro. O país não registra uma proporção tão alta de desempregados - 8,5%, segundo o departamento do Trabalho - desde 1983. O relatório destaca que "desde o começo da recessão, em dezembro de 2007, a perda de empregos alcançou 5,1 milhões, dos quais 3,3 milhões foram registrados no curso dos últimos cinco meses". Como base de comparação, o plano de reativação econômica promovido em fevereiro pelo presidente americano, Barack Obama, pretende criar mais de 3,5 milhões de empregos em dois anos. O número de postos de trabalho suprimidos em março superou levemente as previsões dos analistas, que esperavam 658.000 empregos perdidos, após 651.000 em fevereiro e 741.000 em janeiro, um nível que não era visto desde 1948. Golpeada há mais de dois anos, a indústria cortou 305.000 empregos em março. Já o setor de serviços, que emprega 85% da mão de obra não agrícola dos Estados Unidos, eliminou 358.000 vagas. Os únicos setores que registraram a criação de novos postos foram a educação e os serviços de saúde (8.000). Em Baden Baden, na Alemanha, para a cúpula de 60 anos da Otan, Obama disse que os péssimos números divulgados nesta sexta demonstram a necessidade de uma ação econômica global. "Obviamente, isso está atingindo os Estados Unidos com força", afirmou o presidente. "Se não agirmos em conjunto, experimentaremos um fracasso coletivo". O desemprego, no entanto, é considerado um indicador "atrasado", ou seja, não anuncia novidades, apenas confirma o estado da conjuntura. Isso significa que, apesar de assustadoras, as cifras divulgadas nesta sexta não apagam a esperança trazida por outros dados da economia, como a resistência do consumo familiar. "Mesmo assim, será necessário que situação do emprego melhores para apoiar um crescimento dos gastos do consumo até o fim do ano", apontou Paul Ferley, da RBC Economics. "Mas a possibilidade de que (o desemprego) tenha efeitos negativos sobre os mercados imobiliário e de créditos é preocupante", argumentou Sal Guatieri, da BMO Capital Markets. Nas últimas previsões publicadas em fevereiro, o Federal Reserve (Fed) calculava um desemprego entre 8,5% e 8,8% em 2009, mas, no ritmo em que as coisas evoluem neste momento, vários analistas estimam que não será possível evitar uma taxa de desemprego de dois dígitos em 2010, e certamente acima de 9% ainda este ano. O número de americanos desempregados chega a 13,2 milhões, segundo a contagem oficial do departamento. A isso se somam mais de 5,5 milhões de pessoas que tentam encontrar um trabalho, mas não foram contabilizados entre a população economicamente ativa por diversas razões, e 9,3 milhões que estão empregadas, mas foram obrigadas a trabalhar meio período por seus empregadores em decorrência da conjuntura econômica. Para Aaron Smith e Ryan Sweet, economistas do site Moody Economy.com, a reposta de Washington à crise "deve encerrar a recessão até o fim do ano, mas a partir daí vai depender da capacidade da economia de fazer cessar a hemorragia do emprego". Neste ponto, o economista independente Joel Naroff é mais otimista, considerando que as empresas já reduziram seus gastos com pessoal de maneira significativa, levando em conta a perspectiva de uma longa recessão. Neste sentido, "os cortes de empregos vão diminuir consideravelmente" até o início do segundo semestre.