BUENOS AIRES - O Senado argentino converteu em lei nesta quinta-feira o projeto da presidente Cristina Kirchner para antecipar as eleições legislativas em quatro meses, para 28 de junho, sob o argumento de que o país precisa separar a campanha das tensões causadas pela crise global.
O bloco do peronismo ;kirchnerista; e seus aliados somou 42 votos, contra 26 da oposição liberal, direita e radicais socialdemocratas, uma semana após o projeto passar pela Câmara dos Deputados.
Segundo Cristina Kirchner, "seria suicídio envolver a sociedade, até o final de outubro (data original das eleições), em uma discussão permanente enquanto o mundo se despedaça e pode cair sobre nós".
As eleições de 28 de junho renovarão metade da Câmara dos Deputados e um terço do Senado, ambos dominados atualmente por parlamentares ligados ao governo.
Para alguns analistas, a manobra do governo tem como objetivo enfraquecer a oposição, que está fragmentada em diversas frentes e ainda não conseguiu definir seus candidatos para a votação.
O debate no Congresso teve como pano de fundo o duro conflito entre organizações agropecuárias e o governo, envolvendo os impostos sobre as exportações de soja, principal cultivo da Argentina.
Muito popular em dezembro de 2007, depois de sua eleição, Cristina Kirchner viu sua popularidade desmoronar de 55% para 30% entre março e julho de 2008, devido principalmente a sua posição intransigente com os agricultores.
A antecipação das eleições também deve reduzir os efeitos da crise global sobre as urnas, em um país onde as exportações caíram 36% em janeiro em relação ao ano passado, e a produção de automóveis registrou uma queda de 55% entre fevereiro de 2008 e fevereiro de 2009. Os preços das matérias-primas e dos produtos agroindustriais argentinos caíram em entre 20% a 40% em relação a 2008.