ORLEANS - Um bispo católico francês provocou a indignação de autoridades médicas ao questionar nesta sexta-feira (27/03) a utilidade dos preservativos contra o vírus da Aids, depois da polêmica desencadeada pelas declarações do papa Bento XVI na África.
"Vocês e os cientistas sabem muito bem: o tamanho do vírus da Aids é infinitamente menor do que um espermatozóide. Está provado que o preservativo não protege 100% contra a Aids", disse André Fort, bispo de Orleans, à estação local da Radio Francia.
"Nos maços de cigarros está escrito ;perigo;. Nas caixas de preservativos deveria ser possível ler 'confiabilidade limitada'", acrescentou o bispo.
Esta declaração suscitou a indignação de várias autoridades médicas e daqueles que trabalham na luta contra a Aids. "Estou consternado com essas declarações, ao mesmo tempo como médico, como cientista e como médico católico", disse Jean-Francois Delfraissy, diretor da Agência Nacional Pesquisas sobre Aids.
A afirmação do bispo de Orleans é "completamente falsa". "Temos dados que mostram que é fato que o preservativo é fundamental para bloquear a transmissão do vírus da Aids durante as relações sexuais", acrescentou Delfraissy.
A polêmica ocorre uma semana depois que o papa Bento XVI declarou, antes de realizar uma viagem pela África, continente devastado pela Aids, que não se podia "resolver o problema da Aids com a distribuição de preservativos" e que, "pelo contrário", seu "uso agrava o problema".
Essas declarações suscitaram uma chuva de críticas ao Papa por parte de médicos e autoridades políticas.