A dengue avança na Argentina. O Ministério de Saúde registrou 2.270 casos nos últimos 15 dias. As cidades mais afetadas são Orán e Tartagal, em Salta, e Charata, em Chaco, para onde o ministério enviou equipes de sanitaristas com barracas para atender as emergências. Também foram notificados casos em Catamarca, Jujuy e Buenos Aires. Segundo o infectologista Ricardo Tejeiro, do Hospital Pirovano, o país enfrenta uma epidemia.
O diretor nacional de Prevenção de Enfermidades e Riscos, Hugo Fernández, disse à imprensa local que a epidemia é grave. Segundo ele, a doença reapareceu no país por causa da epidemia na Bolívia, com 50 mil casos notificados. Ontem à noite (25/03), moradores da cidade de Charata fizeram um protesto contra a falta de uma política oficial de controle do mosquito transmissor da dengue, Aedes aegypti, e contra a dedetização das residências com inseticidas supostamente vencidos, segundo denúncias da população.
O prefeito de Charata, uma cidade de 35 mil habitantes, Miguel Tejedor, disse ao jornal "Clarín" que seis mil pessoas foram infectadas. Ele denunciou ter recebido ordens do governo de Chaco para ocultar a informação. O governo da província admitiu que são 820 casos. O governador Jorge Capitanich disse que a situação "está controlada" e desmentiu manobras para ocultar os números. Há cerca de 10 dias, o governo minimizou a situação ao afirmar que só havia registrado 10 casos e não havia uma epidemia, apesar das denúncias dos especialistas e do prefeito Tejedor.
Com medo da doença, algumas famílias deixaram Charata. A ministra de Saúde, Graciela Ocaña, que se encontra em Chaco, reconheceu que a situação "é alarmante e a doença pode se expandir". A barraca com uma equipe de sanitaristas do ministério faz de 150 a 200 consultas por dia. Em Salta, as autoridades registraram 986 casos. Em Catamarca, 47 casos foram confirmados, mas o número de consultas não para de subir - mais de 80 por dia.
Em Jujuy há 217 casos, enquanto que em Buenos Aires já foram encontrados 12 habitantes infectados e existem outros 32 suspeitos. A diretora de Epidemiologia de Córdoba, María Frías, disse que nesta província já foram confirmados 34 casos e outros 35 pessoas estão sob análise. Outros 200 casos foram registrados no resto do país.