As Farc, a mais antiga guerrilha ainda em atividade da América Latina, comemora nesta quinta-feira (26/03) o primeiro aniversário da morte de seu fundador, Manuel Marulanda, o 'Tirofijo', sensivelmente enfraquecida e com bem menos respaldo internacional - mas, segundo analistas, ainda longe de se extinguir.
De acordo com a própria guerrilha, através de comunicados em sua página na internet, a morte de Marulanda, então com 80 anos de idade, aconteceu no dia 26 de março de 2008, "causada por uma insuficiência cardíaca e nos braços de sua companheira".
Nesta quinta, a televisão estatal venezuelana Telesur, com sede em Caracas, transmitiu imagens inéditas do funeral de Marulanda, que, dentro do caixão, tem o rosto acariciado por guerrilheiras em pranto.
A reportagem inclui também imagens de homens fazendo uma saudação militar ao líder fundador das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, dentro de uma frágil cabana de madeira, e em seguida carregando o caixão pela selva.
Conhecido como "o guerrilheiro mais velho do mundo", sua morte coincidiu com uma série de duros golpes contra as Farc, como o ataque do exército colombiano a um acampamento rebelde no Equador, que matou o número dois do grupo, Raúl Reyes.
Além disso, os guerrilheiros amargaram a deserção de vários chefes em troca de recompensas e o resgate de seus mais importantes reféns: a política Ingrid Betancourt, três americanos e um grupo de militares e policiais.
Conforme previsto na semana passada pelo diretor da polícia, general Oscar Naranjo, as Farc realizaram uma série de ataques a povoados colombianos, deixando uma dezena de policiais e militares mortos, além de 20 feridos, para comemorar o aniversário de morte de seu líder.
"Marulanda é um personagem emblemático da história política da Colômbia. Por um lado, é símbolo da rebeldia camposa e do descontentamento popular, mas também representa os atropelos e delitos cometidos por seu grupo com a desculpa de tomar o poder", disse à AFP o analista Alvaro Villarraga.
Villarraga, diretor da fundação Cultura Democrática e ex-dirigente da guerrilha do Exército Popular de Liberação (EPL), opina que um ano depois da morte de 'Tirofijo', as Farc "estão debilitadas, mas não sofreram uma derrota estratégica que as coloque em uma fase próxima a seu final".
"É inegável que estejam enfraquecidas, mas mantêm intacta uma capacidade de controle de várias áreas do país e uma grande capacidade de resposta militar", destacou.