O presidente tcheco Vaclav Klaus pediu nesta quinta-feira (26/03), em Praga, uma "solução rápida" para a atual crise política, após ter aceitado formalmente a renúncia do gabinete dirigido pelo liberal Mirek Topolanek, num momento em que a República Tcheca ocupa a plena Presidência da União Europeia.
"A solução deve ser rápida, é o que a situação econômica complicada e a Presidência da União Europeia exigem", ressaltou o chefe de Estado, durante uma breve entrevista coletiva à imprensa ao lado do líder da direita liberal.
O chefe de Estado, em seguida, pediu à coalizão de centro-direita que mantenha a pauta de trabalhos até a nomeação de um novo governo.
Klaus se pronunciou contra uma transição longa demais, pedindo uma solução antes do final da Presidência tcheca da UE, no dia 30 de junho.
Ele também preconizou um "acordo político" na câmara baixa para a formação de um gabinete que seria apoiado por uma maioria real de 101 dos 200 votos.
A coalizão de centro-direita, muito frágil desde a sua formação em janeiro de 2007, viu sua maioria erodir em meio a disputas e divisões. Na terça-feira, apenas 96 deputados votaram contra a moção de censura que levou a sua queda.
A renúncia formal ocorreu em uma atmosfera de tensão visível entre Klaus e Topolanek, após várias fortes declarações feitas na véspera pelo primeiro-ministro.
"Ninguém duvida do papel de Vaclav Klaus" na queda do governo, disse Topolanek na quarta-feira à noite na TV. Um pouco antes, ele havia afirmado também que o voto de desconfiança havia sido comemorado no Castelo de Praga, sede da Presidência "até uma hora e meia da manhã".
O eurocético chefe de Estado jamais apreciou seu primeiro-ministro, pró-europeu considerando-o muito lento na gestão dos assuntos econômicos, segundo ele. Cabe a Klaus nomear novamente o chefe de governo de sua preferência no prazo que lhe convenha.
Na sexta-feira, Klaus, de 67 anos, deve realizar consultas com os dirigentes social-democratas (CSSD) e democratas-cristãos (KDU-CSL).
Apesar da animosidade aberta, Topolanek, de 52 anos, espera ser encarregado mais uma vez da difícil tarefa de formar um novo gabinete. E se ele não conseguir obter a maioria parlamentar, deseja a realização de eleições antecipadas o mais rápido possível.
"Vamos fazer tudo para manter a estabilidade, tanto entre nós como no exterior", assegurou.
O líder do CSSD, Jiri Paroubek, mencionou um prazo mais longo para a eleição antecipada, falando até da primavera de 2010 (hemisfério norte), enquanto que o prazo normal é junho de 2010.
Em queda livre nos últimos meses, a popularidade de Topolanek e de seu partido liberal ODS melhorou depois do início da Presidência da UE, e as eleições rápidas pesariam em seu favor, segundo especialistas locais.
De acordo com a imprensa desta quinta-feira, Klaus seria favorável, seja a um governo interino de especialistas, seja a um acordo entre o ODS e o CSSD, a exemplo do "pacto de estabilidade" concluído em 1998 por essas duas formações adversárias.
Este pacto permitiu a formação de um governo minoritário dirigido por Milos Zeman, líder na época do CSSD, no lugar da Presidência das duas câmaras do Parlamento para o ODS, sendo que a mais importante, a Câmara dos Deputados, ficou com seu líder na época, Vaclav Klaus.
E a formação de um governo de especialistas em plena Presidência da UE poderia abrir para o presidente eurocético "caminho para um engajamento ativo à frente da política exterior tcheca", considera o cientista político Jiri Pehe.