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Americanos admitem culpa por crise de violência no México

Hillary Clinton reconhece que o governo americano também é responsável pela crise no país vizinho, pois não consegue reduzir o consumo de narcóticos nem conter o contrabando de armas

A secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, chegou ao México assumindo a responsabilidade dos Estados Unidos no aumento considerável da violência no país vizinho. Em sua primeira visita ao México depois que assumiu a diplomacia americana, Hillary tenta melhorar as relações abaladas pela guerra do narcotráfico e por ações protecionistas de ambos os lados afirmando que os dois países fazem parte de ;uma mesma família;. Ela garantiu ainda que o presidente Barack Obama se comprometeu a trabalhar com os mexicanos para conter a ação dos cartéis na fronteira e garantiu que ;não há uma só zona ingovernável; no território vizinho. A declaração foi uma tentativa de contornar um mal-estar causado pelo diretor de Inteligência Nacional dos Estados Unidos, Dennis Blair. Ela havia afirmado que a ;influência corruptora e a crescente violência dos cartéis da droga mexicanos impedem a atuação do governo em partes do território;. Depois de chegar à Cidade de México, a secretária americana foi recebida pelo presidente Felipe Calderón na residência oficial de Los Pinos, onde se reuniram por mais de uma hora. Em seguida, Hillary participou de uma entrevista ao lado da chanceler mexicana, Patricia Espinosa, na qual tentou mostrar uma grande abertura de Obama aos assuntos do vizinho. ;Somos parte da mesma família, compartilhamos este continente como lugar comum e vemos um futuro comum;, declarou. ;É a relação mais importante que existe entre dois países.; Hillary tentou adiantar com Calderón os temas que vão dominar a viagem de Obama ao México, em 16 de abril, e assegurou que a Casa Branca está disposta a ;progredir e fracassar junto; do parceiro do sul. A caminho do México, a secretária já havia feito uma espécie de mea-culpa, ao reconhecer que a ;demanda insaciável; dos EUA por drogas ilegais e a inabilidade do governo para acabar com o contrabando de armas para o México alimentaram o aumento da violência na fronteira. ;Nossa incapacidade de prevenir que armas sejam traficadas para os criminosos tem causado a morte de policiais, soldados e civis;, disse. Responsabilidade Segundo ela, a administração Obama está ciente de que os EUA têm tanta responsabilidade em conter a violência quanto o México e vai trabalhar com o governo vizinho para promover a segurança dos dois lados da fronteira. Só neste ano, mais de mil pessoas foram vítimas da guerra do tráfico no país de Calderón. Uma das propostas apresentadas durante a viagem é a construção de um escritório em território mexicano para coordenar ações contra o narcotráfico. Hillary ainda se reuniu com o secretário de Segurança Pública Federal, Genaro García Luna, e o procurador-geral da República (PGR), Eduardo Medina Mora, para discutir, entre outros temas, o futuro da Iniciativa Mérida ; plano de combate ao narcotráfico no México e na América Central. A visita ocorre um dia depois de os EUA anunciarem um plano de US$ 700 milhões, como parte da Iniciativa. A maior parte do dinheiro será investida ainda neste ano no aumento do policiamento fronteiriço para tentar conter a ação dos cartéis. A viagem de Hillary coincidiu ainda com a prisão de Héctor Huerta Ríos, apelidado de La Burra, que trabalhava para o cartel dos irmãos Beltrán Levya, no norte do país. Huerta foi o primeiro da lista de 13 nomes pelos quais o governo oferecia até 15 milhões de pesos mexicanos (US$ 1 milhão) a ser preso. As autoridades mexicanas, no entanto, não informaram se alguém receberá a recompensa. » Leia mais na edição impressa do Correio Braziliense