JERUSALÉM - O próximo primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, concluiu nesta quarta-feira (25/03) a formação de seu governo, ao qual deu uma face menos radical, graças à entrada dos trabalhistas, e afirmou que está disposto a discutir a paz com os palestinos.
Além disso, Netanyahu anunciou que no começo da próxima semana apresentará seu gabinete, que classificou de "governo de união nacional", diante do Parlamento para submetê-lo a um voto de confiança. "Para todos os governos israelenses, incluindo o meu, a paz é um objetivo. Isto significa que negociarei com a Autoridade Palestina pela paz", afirmou Netanyahu durante uma entrevista coletiva à imprensa em Jerusalém. "Creio que os palestinos deveriam entender que têm em nosso governo um parceiro para a paz, a segurança e o rápido desenvolvimento de sua economia", acrescentou.
Em reação a essas declarações, o negociador palestino Saeb Erakat afirmou que "a busca pela paz precisa de ações, não palavras". "Todo governo israelense que cessar a colonização, aceitar uma solução baseada em dois Estados (um israelense e outro palestino) e negociar todas as questões do estatuto final, incluindo o de Jerusalém, será considerado um parceiro para a paz", acrescentou.
Netanyahu se opôs até agora à criação de um Estado palestino soberano nos territórios ocupados por Israel em 1967. E, segundo a rádio militar israelense, concluiu um acordo secreto com o Israel Beitenu, partido da ultradireita nacionalista de Avigdor Lieberman, que prevê a extensão de uma colônia na Cisjordânia.
Este acordo prevê 3 mil construções, em sua maioria residências, assim como escritórios e hotéis, no chamado "setor E1", que ligaria a colônia de Maalé Adumim (33 mil habitantes) a Jerusalém Oriental, anexado por Israel em 1967.
Os Estados Unidos haviam vetado esse plano, denunciado pelos palestinos, que praticamente divide a Cisjordânia em duas partes, dificultando ainda mais a criação de um Estado palestino.
Após obter na terça-feira um acordo de coalizão com o Partido Trabalhista, formação de Netanyahu, o Likud iniciou negociações com o Casa Judaica, partido religioso de extrema direita ligado aos colonos. O chefe dos negociadores do Likud, encarregado dos acordos de coalizão, Gideon Saar, disse que havia sido "concluído" um acordo com o Casa Judaica que será firmado nesta quarta-feira.
O Likud, que nas eleições legislativas de 10 de fevereiro obteve 27 deputados, já conta com o apoio de 66 deputados dos 120 que compõem o Parlamento unicameral (Knesset) graças a acordos com o Israel Beitenu (15 deputados), com o Partido Trabalhista (13 assentos) e com o Shass (ortodoxo sefardim, 11 assentos). Segundo a lei, Netanyahu deve formar governo antes de 3 de abril para obter o aval do Parlamento.