WASHINGTON - Os Estados Unidos anunciaram nesta terça-feira (24/03) o envio de reforços policiais e judiciários à fronteira mexicana para impedir que a violência dos cartéis chegue ao país, como parte de uma revisão de sua estratégia de combate às drogas, que visa, também, a reprimir o consumo.
"Estamos tomando providências dos dois lados da fronteira, trabalhando com nossos parceiros mexicanos para apoiar a luta do governo do México contra os violentos cartéis da droga e reduzir o tráfico nas duas direções", anunciou a Casa Branca em comunicado, apresentando a nova tática do presidente Barack Obama para o México.
"Os ministérios da Justiça e da Segurança Interna e o departamento do Tesouro estão reforçando sua presença e aumentando os esforços na fronteira", destacou a presidência.
A guerra entre os cartéis mexicanos pelo controle do tráfico de drogas para os Estados Unidos, maior consumidor mundial de cocaína, está concentrada na região da fronteira, no norte do país. De acordo com as autoridades mexicanas, a violência ligada ao narcotráfico provocou a morte de mais de 5.300 pessoas em 2008 em todo o país, apesar dos 36 mil militares e policiais mobilizados há dois anos contra os cartéis.
A Agência americana de luta contra as drogas (DEA) e o Escritório federal americano do álcool, do tabaco e das armas de fogo também terão efetivos reforçados, frisou a Casa Branca, anunciando ainda a criação de uma força especial da Polícia Federal americana (FBI).
No contexto destes reforços, o ministério da Segurança Interna vai aumentar em 50% os efetivos encarregados da manutenção da ordem e multiplicar por três o número de seus especialistas de inteligência. Os Estados Unidos também vão investir US$ 700 milhões em 2009 para trabalhar, em colaboração com o México, em um plano antidroga aprovado pelo Congresso americano em 2008.
Esta revisão da estratégia americana é divulgada na véspera da primeira visita ao México da secretária de Estado, Hillary Clinton, e menos de um mês antes da viagem de Obama a este país, prevista para os dias 16 e 17 de abril. Segundo a Casa Branca, o presidente americano se declarou "preocupado" com a recrudescência da violência nas cidades fronteiriças de Ciudad Juarez e Tijuana.
De acordo com especialistas, a política do novo presidente é muito diferente da de seu antecessor, George W. Bush, que nunca insistiu na necessidade de limitar o consumo em seu próprio país.
O governo Obama considera que o combate ao tráfico de drogas "é da responsabilidade de todos", e que os Estados Unidos "tem de atuar nas frentes do consumo, do dinheiro e do tráfico de armas" do seu lado da fronteira, explicou Andrew Selee, diretor do Mexico Institute no Woodrow Wilson Center.
O atual governo americano não está convencido da eficiência do muro de mil quilômetros de comprimento ao longo da fronteira aprovado pela administração Bush. "Um muro não é a melhor maneira de lutar contra o tráfico de drogas", sentenciou a secretária da Segurança Interna, Janet Napolitano.