YAOUNDÉ - "O Papa vive no século XXI?", questionou uma ONG do Camarões depois que o Papa Bento XVI afirmou na véspera, antes de chegar a este país africano, que o preservativo "agrava o problema da Aids".
"É uma consternação", afirmou Alain Fogue, do Movimento Camaronês pelo Acesso aos Tratamentos (MOCPAT).
"As pessoas não vão fazer o que o Papa disse. Ele vive no céu e nós vivemos na Terra", acrescentou.
"Dizer que o preservativo agrava o problema da Aids vai contra os esforços dos últimos anos do governo camaronês e dos atores envolvidos na luta contra a Aids no país", afirmou Fogue.
"Queira ou não, de cada 100 católicos, 99 usam preservativo. O Papa deve entender que a carne é fraca! Será que o Papa desconhecia, ao chegar a Camarões, que as pessoas soropositivas representam um número importante da população?".
Bento XVI, que iniciou na terça-feira em Camarões a primeira visita à África, afirmou, a bordo do avião em que viajava, que não se podia "solucionar o problema da Aids", pandemia devastadora na África, "com a distribuição de preservativos". "Ao contrário sua utilização agrava o problema", afirmou.
O Vaticano se opõe a todas as formas de contracepção diferentes da abstinência e reprova o uso do preservativo, mesmo por motivos profiláticos (prevenção de doenças).