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Efeito de decisão dos EUA sobre células-tronco será mundial, diz geneticista

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Os benefícios da autorização do presidente Barack Obama para o uso de verbas federais norte-americanas no financiamento pesquisas com células-tronco não será sentido somente nos Estados Unidos. Para a geneticista brasileira Lygia da Veiga Pereira e professora de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), uma das maiores especialistas do País no assunto, a medida também deve ter reflexos em outras nações, na medida em que os centros de pesquisa norte-americanos poderão, agora, contar com mais recursos para trabalhar em colaboração com laboratórios de todo mundo, como os do Brasil. "A medida serve como um estímulo para a pesquisa em todo o mundo", afirma. De acordo com ela, a autorização anunciada hoje cria oportunidades iguais de pesquisa com células-tronco a todos centros que trabalham com esse campo nos EUA. A consequência, diz a pesquisadora brasileira, é a aceleração o ritmo dos trabalhos nos laboratórios norte-americanos. De acordo com ela, a decisão de Obama dá aos EUA ainda mais condições de manter o país na vanguarda da pesquisa com células-tronco. "Os EUA já haviam sido o primeiro país a aprovar testes clínicos com células-tronco humanas. Mesmo antes dessa autorização, eles já estavam muito à frente nas pesquisas", afirma. Hoje, o presidente dos EUA liberou o uso de recursos federais para financiar pesquisas com células-tronco embrionárias porque "milagres médicos simplesmente não acontecem por acidente". Ele prometeu ainda que seu governo vai recuperar o terreno perdido durante a administração de seu antecessor, George W. Bush, quando apenas recursos privados poderiam ser utilizados nas pesquisas com células-tronco embrionárias. A ordem executiva assinada hoje por Obama anula a proibição imposta pelo ex-presidente Bush sob a alegação de que as pesquisas com embriões seriam moralmente erradas. Células-tronco embrionárias podem ser transformadas praticamente em qualquer célula do corpo humano. Lygia da Veiga explica que o atual desafio das pesquisas nesse campo é conseguir produzir células-tronco "de forma segura". "Ou seja, células que formem tecidos sem tumores", explica. Brasil De acordo com ela, no Brasil ainda existem poucos grupos que de fato cultivam células-tronco embrionárias. Porém, tanto o governo como os pesquisadores estão em um processo de "esforço intenso" para o desenvolvimento desse tipo de pesquisa no País. A geneticista afirma que o governo já criou a Rede Nacional de Terapia Celular (RNTC) e o País conta com o Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (LaNCE), da USP e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde as primeiras linhagens de células-tronco pluripotentes reprogramadas a partir de células somáticas (não embrionárias) já foram produzidas. Em maio do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) julgou a constitucionalidade das pesquisas com células-tronco embrionárias no País. Os ministros da Corte votaram uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) de 2005 que pedia a retirada do trecho da Lei da Biossegurança que autoriza o uso das células para fins científicos, tema que colocou em lados opostos grupos religiosos e cientistas. Por 6 votos a 5, a legislação foi julgada constitucional.