Por ordem a Corte Interamericana de Direitos Humanos, o Estado colombiano pediu desculpas publicamente hoje por "não adotar as precauções regulares" que teriam evitado o desaparecimento de 37 pessoas e a morte de outras seis nas mãos de paramilitares em 1990. O massacre, ocorrido em 14 de janeiro de 1990 no povoado de Pueblo Bello, no Departamento (Estado) de Antioquia, a cerca de 440 quilômetros de Bogotá, foi cometido por paramilitares, segundo dados do tribunal.
"Lamentamos não ter escutado suas vozes antes e tê-los feito trilhar (os familiares das vítimas) este longo caminho para alcançar a justiça", disse o ministro da Defesa, Juan Manuel Santos, durante um ato ao qual compareceram parentes de algumas das vítimas. Altos funcionários também estavam presentes na cerimônia, na sede do Ministério do Exterior
Em nome do Estado, Santos reconheceu a responsabilidade por "não adotar as precauções regulares para controlar" a região onde ocorreram os crimes. Depois de abrir um processo no final dos anos 1990, a Corte Interamericana de Direitos Humanos emitiu uma sentença em 31 de janeiro de 2006, na qual ordenou o Estado colombiano a reconhecer sua responsabilidade internacional "por haver descumprido suas obrigações de garantir os direitos à vida à integridade pessoal e à liberdade dessas pessoas" assassinadas.
A corte também ordenou o pagamento de indenizações de mais de US$ 5 milhões aos parentes das vítimas. Parte do dinheiro já foi pago desde que a sentença foi proclamada e a importância do ato de hoje é que "o Estado reconheceu sua responsabilidade" pelo que aconteceu, disse Gustavo Gallón, diretor da organização não-governamental Comissão Colombiana de Juristas, que representou as vítimas na Corte Interamericana. Dentre as 43 vítimas, entre mortos e desaparecidos, em sua maioria camponeses dedicados à agricultura e à pecuária, estavam três menores.
Ataque
Segundo a sentença, "o propósito (do grupo paramilitar) era realizar um ataque na corregedoria de Pueblo Bello para sequestrar um grupo de pessoas, supostamente colaboradores da guerrilha, com base em uma lista que tinham". A acusação do grupo insurgente nunca foi comprovada, acrescentou o tribunal. "Levamos 19 anos sofrendo e sendo deslocados de nossos lugares de origem, 19 anos de luta e hoje temos uma vitória", disse, depois da cerimônia, Eliana Romero, mãe de Fermín Agresott Romero, de 19 anos e um dos desaparecidos.
Os familiares pediram em várias ocasiões aos representantes do governo que sigam trabalhando para encontrar o lugar onde possam estar os corpos de seus entes queridos. Desde o massacre, apenas seis pessoas, das 60 investigadas, foram condenadas, das quais duas cumpriram a pena imposta, segundo a Comissão Colombiana de Juristas.