Washington - À parte o esforço para salvar o país da crise econômica, o presidente americano, Barack Obama, nestes primeiros dias de governo, dá mostra da agressividade com que pretende recuperar a confiança mundial na capacidade diplomática dos EUA. Com o anúncio, na sexta-feira, da retirada das tropas de combate que estão no Iraque até agosto de 2010 e a intenção de envolver Irã e Síria - dois da série de arqui-inimigos eleita na era de George W. Bush - em conversações ;sustentadas;, Obama deixa claro que sua opção pelo ;smart power; (poder inteligente, a tese que privilegia a opção do diálogo, sem abrir mão do poder de pressão da força militar) não é mera retórica.
Além da meta de relegar ao passado a impopular guerra no Iraque, reforçar o contingente no cada dia mais explosivo Afeganistão e conter - pela via da pressão e da diplomacia - as pretensões nucleares de Irã e Coreia do Norte, um time de enviados especiais está cruzando o mundo para cuidar das áreas mais delicadas da política externa dos EUA. Em tempo recorde, o Departamento de Estado escolheu os principais funcionários para assumir as políticas-chave em relação ao Oriente Médio, Coreia do Norte e Afeganistão. A secretária americana de Estado, Hillary Clinton, já fez uma viagem de uma semana pela Ásia. Nesta semana, começa um giro pelo Oriente Médio.
;Precisamos de uma abordagem mais sustentável e ampla, por isso estamos renovando nossa diplomacia;, disse Obama no discurso de sexta-feira. ;É por isso que estamos revendo a luta contra a Al-Qaeda no Afeganistão e Paquistão, desenvolvendo uma estratégia para usar todos os elementos do poder americano para impedir que o Irã desenvolva armas nucleares e buscando a paz entre Israel e o mundo árabe;, acrescentou. ;E é por isso que nomeamos alguns dos mais bem-sucedidos diplomatas americanos - George Mitchell, Dennis Ross and Richard Holbrooke - para auxiliar a secretária Hillary Clinton a tocar essa agenda.;
Analistas apontam para o perigo de ter tantos enviados especiais e assessores cuidando de questões importantes. A colisão de egos entre tantos figurões que são enviados especiais já teria começado, com a interferência de Holbrooke para a nomeação de seu amigo Christopher Hill como embaixador no Iraque, no lugar de Anthony Zinni, que foi ;desconvidado;.