CARACAS - O governo da Venezuela rejeitou nesta quinta-feira (26/02) "da forma mais categórica e firme" possível o relatório sobre a situação dos direitos humanos no mundo apresentado pelo Departamento de Estado, que questiona Caracas.
"A Venezuela acha inadmissível esta prática recorrente da burocracia dos Estados Unidos, segundo a qual funcionários a serviço do Estado com o mais obscuro recorde de violações e atropelos à dignidade humana na história contemporânea pretendem erigir-se, sem mandato nem legitimidade alguma, em juízes de outros Estados", afirma um comunicado da chancelaria.
O governo de Hugo Chávez exige que se ponha fim "a estas práticas que continuam prejudicando as relações entre nossos Estados, as quais devem ter como base o respeito, a igualdade e a não-ingerência nos assuntos internos", acrescenta o texto.
Além de apontar os países onde a situação dos direitos humanos se deteriorou, os Estados Unidos prometeram considerar as preocupações mundiais sobre seus próprios problemas em relação a este tema, no relatório anual do departamento de Estado americano sobre os direitos humanos, divulgado na quarta-feira.
"Não buscaremos apenas viver de acordo com nossos ideais em território americano, perseguiremos também mais respeito pelos direitos humanos em outras nações, para todos os povos do mundo", afirma a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, no prefácio do relatório.
O estudo sobre a situação dos direitos humanos ao redor do mundo destaca quadros preocupantes, em países como Coréia do Norte, China, Zimbábue, Rússia e outros países da ex-União Soviética.
O relatório informa que não considera outros pontos de vista sobre a situação dos direitos humanos nos Estados Unidos como uma interferência em seus assuntos internos, da mesma maneira que "nenhum outro governo deve considerar opiniões sobre sua situação como tal".
O documento pinta um cenário preocupante sobre as condições de violação dos direitos humanos ao redor do mundo, principalmente em países que costumam aparecer no relatório anual.
Em relação à Venezuela, o texto afirma que a comunidade de organizações não governamentais advertiu sobre uma erosão dos direitos democráticos e dos direitos humanos, com conseqüências potencialmente severas.