A nova administração americana representa uma "oportunidade única" para remediar as violações dos direitos humanos cometidas em nome da "guerra contra o terrorismo", indicou um relatório, elaborado por respeitados juristas internacionais divulgado nesta segunda-feira.
"A mudança de administração nos Estados Unidos é uma oportunidade única para a mudança", afirmou a Comissão Internacional de Juristas (CIJ), que preparou o documento sobre os abusos da "guerra contra o terror" - expressão cunhada pelo ex-presidente George W. Bush, que os autores pedem que a comunidade internacional abandone.
"O atual clima político nos traz uma das últimas ocasiões para um esforço internacional coordenado, destinado a (...) restaurar as normas internacionais" em relação ao respeito aos direitos humanos, afirmam os juristas.
Segundo Mary Robinson, ex-Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos e uma das autoras do relatório, "se não conseguirmos agir agora, corremos o risco de que os danos infligidos ao direito internacional sejam permanentes".
Entre as conclusões apresentadas pelo relatório, os autores expressam sua indignação com a "amplitude" das violações ao direito cometidas ao longo dos últimos sete anos.
Os países democráticos, principalmente, "que no passado louvaram a importância do Estado de direito e da proteção dos direitos humanos, se encontram agora na vanguarda do questionamento" a estes valores, afirma o texto da CIJ.
"Nosso relatório chega em boa hora, porque a nova administração americana está tomando consciência destes danos", estimou Robinson, relativizando, no entanto, o alcance real das primeiras medidas tomadas pelos Estados Unidos em relação ao fechamento da prisão de Guantánamo.