O juiz Baltasar Garzon, da Audiência Nacional - mais alta instância penal espanhola -, considerou nesta sexta-feira que existem "sérios indícios" de envolvimento de membros do principal partido opositor espanhol, o Partido Popular (PP, direita), em um escândalo de corrupção que desde o início da semana convulsiona o mundo da política na Espanha.
"Existem sérios indícios, segundo os quais pessoas relacionadas ou membros desse partido (PP) podem ter responsabilidade penal no caso", escreveu o magistrado nos autos.
O líder do PP, Mariano Rajoy, acusou o governo socialista de instrumentalizar a justiça com objetivos políticos, pouco antes das eleições regionais no País Basco e na Galícia, no dia 1º de março, e pediu a demissão do ministro da Justiça, Mariano Fernández Bermejo.
Além disso, pediu o afastamento do juiz Garzón por sua "constante animosidade contra o PP", suas "estreitas relações" com o partido socialista (PSOE) e sua conivência com Fernández Bermejo, com quem o magistrado esteve algumas horas depois de lançar a operação.
O governo "deverá acompanhar os processos" dos quais participarão Garzón e Fernández Bermero, e os levantados pelos socialistas contra o PP, proclamou em seu primeiro comício de campanha das eleições regionais, em Bilbao (norte).
"Essa é a única coisa que funciona na Espanha neste momento, e eu não estou disposto a aceitá-la de maneira alguma", afirmou Rajoy, destacando que estas informações são divulgadas enquanto existe um governo "paralisado" e "incapaz de abordar a crise econômica".
A número dois do governo socialista, Maria Teresa Fernandez de la Vega, respondeu às acusações: a oposição continua com "cortinas de fumaça" para distrair, enquanto "os supostos responsáveis pertencem ao PP".
A operação anticorrupção na qual estão envolvidos empresários próximos ao PP trouxeram à tona um sistema de subornos para conseguir favores de administrações e autoridades públicas espanholas, indicou nesta sexta-feira a justiça.