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Rússia se mostra conciliadora com Obama, mas mantém tensão com Otan

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A Rússia saudou a oferta de negociação de um novo tratado de desarmamento nuclear do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, mas mantém a tensa relação com a Otan, revelou em entrevista à AFP nesta quarta-feira o vice-primeiro-ministro russo, Serguei Ivanov. "Damos as boas-vindas às declarações da nova administração de Obama de que está preparada para iniciar o diálogo e concluí-lo este ano (...) para a assinatura de um novo tratado entre Rússia e Estados Unidos sobre a limitação de armas ofensivas estratégicas", disse Ivanov. "Também estamos preparados para isso, indubitavelmente", declarou Ivanov. "É um bom exemplo e uma boa mensagem para outros países", acrescentou o vice-premier, de seu gabinete, em Moscou. Ivanov, que é um estreito colaborador do primeiro-ministro Vladimir Putin, irá a Munique (sul da Alemanha), durante o fim de semana, para participar de uma conferência internacional sobre segurança, na qual encontrará altos representantes de países ocidentais. Em janeiro, a nova secretária de Estado americana, Hillary Clinton, comprometeu-se, antes de sua nomeação, a renegociar rapidamente com a Rússia o Tratado de Redução de Armas Nucleares (Start-1), assinado durante a Guerra Fria e que expira em dezembro de 2009. Ivanov declarou ainda que seu país está disposto a agir como mediador entre Estados Unidos e Irã, dois países que romperam relações diplomáticas em 1980. "Se alguém nos pedir ajuda para estabelecer um diálogo direto (entre Washington e Teerã), estamos dispostos a contribuir para que esse diálogo comece", garantiu, avaliando que essas negociações "podem resolver questões recorrentes sobre o programa nuclear iraniano". A Rússia está construindo no Irã uma polêmica central nuclear, ignorando os apelos dos países ocidentais para que imponha maiores sanções ao regime islamita, em função de seu programa nuclear. Sobre as delicadas relações entre Rússia e Otan, desde o conflito na Geórgia, no verão passado, Ivanov não deu muitas esperanças de que mudem, embora vá se encontrar, em Munique, com o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jaap de Hoop Scheffer. "Será uma reunião informal e estou certo de que não levará a qualquer decisão. É muito claro que o esfriamento das relações entre Rússia e Otan não favoreceram ninguém", justificou. Ivanov também negou qualquer envolvimento russo na decisão do Quirguistão de fechar, em breve, uma base americana nessa ex-república soviética.