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Conheça a história de Barack Obama II

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postado em 21/01/2009 00:32
4 de agosto de 1961 ; Nascia em Honolulu, no Havaí, Barack Hussein Obama II. Filho de Barack Obama, um economista do Quênia, e de Stanley Ann Dunham, uma antropóloga do Kansas. Barack pai havia conseguido, no Quênia, uma bolsa para estudar nos EUA, e frequentou a Universidade do Havaí, em Manoa. Ela o conheceu na universidade, ficou grávida, se casou, teve o filho e separou-se três anos depois. Ann Dunham era considerada uma mulher de personalidade forte e avançada para seu tempo. É natural da cidade de Wichita, no Kansas. O pai trabalhava com exploração de petróleo no estado. Depois do ataque japonês a Pearl Harbor, se alistou como militar e combateu na Segunda Guerra Mundial, em solo europeu. De volta aos EUA, ele e a mulher foram contemplados no programa governamental de habitação. Escolheram morar no Havaí. Quando Ann se relacionou com o muçulmano Barack Obama, o casamento interracial era proibido em 16 dos 50 estados norte-americanos. Depois da separação de Obama pai, ela se apaixonou por outro estudante estrangeiro, o indonésio Lolo Soetoro. Ambos se mudaram para Jacarta, na Indonésia, quando Obama filho tinha apenas 6 anos. O garoto era o único estrangeiro em seu colégio. Chamavam-no de ;Barry;. Ann e Lolo tiveram uma filha, Maya. Quando Obama fez 10 anos, os pais acharam que seria melhor ele voltar a viver no Havaí, com os avós maternos. E assim foi feito. Ann continuou com Lolo na Indonésia, mas os dois se divorciaram pouco depois da partida de Obama. A última vez que Ann viu o filho foi em 1992, por ocasião do casamento dele com Michelle. Naquele mesmo ano, Ann morreu de câncer de ovário. As origens paternas de Obama estão em Kogela, uma vila na região oeste do Quênia. A vila é extremamente pobre. Galinhas, cabras e outros animais compõem o cenário de casas simples, sujas pelas estreitas e irregulares ruas de terra. Obama visitou o local pela primeira vez em 1988, e descreveu a sensação em seu primeiro livro, Dreams from my father. Disse ser o tipo do lugar em que você vai dormir sabendo que, no dia seguinte, as coisas estarão todas no mesmo lugar. E as pessoas sabem a história de como os objetos foram feitos. O empreendedorismo de Barack pai estava no sangue da família. Hussein Onyango Obama, avô de Obama, era um líder da tribo luo, famoso na região por seus dons medicinais e pelo empenho em ajudar sua comunidade. Barack Hussein Obama I estudou em Kogela - enquanto trabalhava no campo, cuidando de animais - e também em Nairóbi, capital do país africano. Era um aluno promissor naqueles tempos de colônia, quando o território ainda estava sob domínio dos britânicos. Em Nairóbi, Barack I conquistou uma bolsa para cursar universidade nos Estados Unidos. Ele integraria a primeira grande leva de africanos que viajou para estudar na potência vencedora da Segunda Guerra Mundial. Os pais deram apoio, e Barack I se tornou o primeiro aluno africano da Universidade do Havaí, em 1959. Obama, 10 anos, com o pai, o queniano também chamado Barack. O pai e a mãe do senador já morreram O pai de Obama deixou a família quando o filho tinha dois anos, para estudar na Universidade de Harvard. Um ano depois, o divórcio foi oficializado. Barack pai só voltaria a ver o filho mais uma vez, quando ele tinha 10 anos. Obama se lembra do encontro, no Havaí, ocasião em que ganhou de presente uma bola de basquete. O queniano morreu num acidente de carro, em 1982. Embora tenha deixado poucas lembranças para o filho, a trajetória de Barack Hussein Obama I influenciou bastante o garoto que cresceu criado pelos avós. Obama admirava o pai pela ascensão que ele obtivera, saindo da África para estudar nos EUA, passar por Harvard e depois retornar ao país de origem, onde trabalhou para o governo queniano. Mas Obama não entendia direito os motivos de sua vida incomum, e a figura paterna visivelmente fazia falta naquele período de adolescência, depois de voltar de Jacarta. Obama usou maconha e cocaína. Bebeu e fumou. Costumava se reunir com um pequeno grupo de estudantes negros do colégio, para discutir dificuldades, problemas de relacionamento e opções para o futuro. Seu nome e sua ascendência eram motivo de brincadeiras por parte de outros alunos, que queriam saber se seus ancestrais "comiam gente" na África. Era uma época de frustração, incertezas sobre o futuro e rebeldia. Mas Obama era um aluno exemplar, de grande potencial. Um ano depois da morte do pai, Obama se formava em ciências políticas pela Universidade de Columbia, em Nova York, especializado em relações internacionais. Naquela época, ele militou contra o apartheid na África do Sul e integrou a Organização de Estudantes Negros. Não era muito sociável e estudava bastante. Formado, trabalhou na Business International Corporation e no Grupo de Pesquisas de Interesse Público de Nova York. Obama morou por quatro anos em Nova York e decidiu se mudar para Chicago, Illinois, onde atuou como diretor do Projeto de Comunidades em Desenvolvimento, organização religiosa composta por oito igrejas cristãs. Sua tarefa era trabalhar pelas igrejas de negros no bairro industrial de South Side, área bastante afetada pelo fechamento de usinas de aço e fábricas. Ele organizava movimentos sociais e fazia lobby por benefícios como um centro de treinamento para empregos e a remoção de telhas de amianto das casas. Foi ali que treinou sua capacidade de persuasão. Tornou-se aluno de Harvard em 1988. Queria estudar direito numa das mais prestigiosas universidades do mundo. Dois anos depois, tornou-se o primeiro negro a presidir a Harvard Law Review, revista de temas jurídicos produzido por um grupo de 80 alunos da faculdade de direito. À época, sua eleição para liderar a equipe mereceu grande repercussão na universidade. Em 1991, Obama obteve seu segundo diploma, chamando atenção dos colegas e professores pela retórica afiada. O advogado promissor namorava desde 1989 Michelle Robinson. Os dois se conheceram ao trabalhar para um mesmo escritório de advocacia sediado em Chicago. Ela também estudou direito em Harvard, depois de fazer sociologia em Princeton. Não foi amor à primeira vista. Michelle recusou os convites de Obama durante cerca de um mês, até que os dois saíram para jantar e assistir Faça a coisa certa, de Spike Lee. O romance acabou em casamento no dia 18 de outubro de 1992. Depois da formatura em Harvard e do casamento em Chicago, Obama continuou seu trabalho social na cidade que escolheu para viver. Recusou propostas tentadoras de escritórios de advocacia. Seu começo na política se deu em 1996, quando foi eleito senador estadual em Illinois. Ele seria reeleito duas vezes para o cargo. Em 1999, Obama já tinha certeza de sua vontade de seguir o caminho da política. Naquele ano, nasceu sua primeira filha, Malia. Mas o casamento não ia bem. Michelle reclamava das longas horas de trabalho do marido e desabafou que não esperava "passar por uma gravidez sozinha". O problema era que Obama estava voltado para sua campanha à Câmara dos Deputados, em Washington, no ano seguinte. A experiência foi um fracasso. Obama desafiou o veterano Bobby Rush, político com altíssima aprovação em Illinois. Também negro, Bobby havia sido ;pantera negra;, ligado ao grupo de defesa e militância dos afro-descendentes. À época, Bobby tinha o apoio de Bill Clinton e venceu por 31 pontos de vantagem. De volta ao Senado de Illinois, Obama liderou a Comissão de Saúde e fez um bom trabalho apresentando projetos na área. Sua segunda filha, Natasha, nasceu em 2001. A projeção nacional veio em 2004, quando se empenhou na candidatura de John Kerry para a presidência do país. Kerry contou com a ajuda de Obama em Illinois e se impressionou com os discursos daquele político promissor. O talento do senador estadual foi lembrado durante a Convenção Nacional Democrata, quando Kerry o convidou para discursar. Em 17 minutos, Obama falou sobre a necessidade de uma mudança de rumos no país, sobre esperança e reformas. Lá, soltou a famosa frase ;Não existe uma América branca, uma América negra, uma América latina ou uma América asiática, mas sim os Estados Unidos da América;. Após disputar a vaga democrata, Hillary será a Secretária de Estado do governo ObamaNa eleição que Kerry perdeu para George W. Bush, em novembro de 2004, Obama conquistou uma vaga no Senado federal, por ampla margem. Era apenas o terceiro senador negro desde a era da reconstrução dos EUA, iniciada em 1865, depois da Guerra Civil. Ainda em seu primeiro mandato em Washington, Obama preparou a próxima etapa da ascensão política: a presidência em 2008. Ele lançou a candidatura em 2007, quando o país tinha praticamente certeza de que o sucessor do impopular George W. Bush seria um democrata. Obama era considerado um azarão em meio a nomes de maior projeção nacional, como a ex-primeira-dama Hillary Clinton e o vice de John Kerry em 2004, John Edwards. Mas o senador impressionou o eleitorado democrata desde o início das primárias, quando venceu em Iowa, primeiro estado disputado com os companheiros de partido. As brigas seguintes deixaram claro que só ele e Hillary teriam chance de duelar. Ela conquistou os estados mais populosos, os grandes centros, redutos historicamente democratas. Ele adotou uma estratégia inovadora em campanhas. Apostou numa rede de voluntários extremamente ativa ; que usou o telefone e a internet como em nenhuma outra candidatura no passado. Seus slogans "Yes, we can" (Sim, nós podemos) e "Change for America" (Mudança para a América) resumiam o que o eleitorado cansado de oito anos de Bush gostaria de ver na Casa Branca. Obama percorreu mais estados que Hillary e venceu naqueles tipicamente republicanos. Ao final, tinha mais apoio popular que a adversária. A briga só foi definida nas últimas primárias, em junho. Hillary, considerada franca favorita, reconheceu que havia perdido a histórica disputa com Obama ; da qual uma mulher ou um negro sairia candidato à Casa Branca e com chances reais de ser bem-sucedido. O democrata competiria então com o republicano John McCain. Ciente de que as pesquisas indicavam a política externa como seu ponto fraco, Obama saiu numa turnê internacional ainda em julho, antes da convenção partidária que o confirmaria como candidato à presidência. Passou pelo Afeganistão, países do Oriente Médio e da Europa. O ápice do giro ocorreu em Berlim, quando Obama discursou para mais de 200 mil pessoas diante da Coluna da Vitória ; maior público de toda a campanha, dentro ou fora dos EUA. Na Europa, se multiplicavam as comparações entre o senador negro e o ex-presidente John Kennedy, que também discursara em Berlim. Se, em 1963, Kennedy empolgou os alemães ao dizer a célebre frase ;Eu também sou um berlinense;, Obama fascinou a plateia ao prometer derrubar muros e construir pontes pelo mundo. A briga com o republicano John McCain tinha tudo para ser acirrada. Ambos começaram o segundo semestre de 2008 praticamente empatados. McCain é visto como um político independente, um dos mais experientes do país, herói de guerra no Vietnã, onde teve seu avião abatido, foi capturado e permaneceu preso durante cinco anos e meio pelos vietcongues. Também senador, McCain seria o presidente de mais idade na história do país caso se elegesse. Ele assumiria o poder com 72 anos. Mas as chances do republicano se dissiparam de vez em 15 de setembro, quando o banco Lehman Brothers declarou falência, dando início à fase mais crítica da crise financeira global. Obama não precisou de muito esforço para convencer o eleitorado de que a difícil situação do país era fruto de políticas equivocadas de Bush e do partido no poder. McCain partiu para a apelação, na tentativa de reverter o quadro desanimador. Havia conseguido atrair certa atenção da mídia ao surpreender com o anúncio de Sarah Palin, governadora do Alasca, para vice. Passado o furor inicial, o eleitorado se convenceu de que ela não tinha condições de assumir a Casa Branca. Obama foi mais pragmático e compôs a chapa dom Joe Biden, um experiente senador sexagenário. Os anúncios da campanha republicana se tornaram mais radicais. O democrata teve de se afastar de seu guia espiritual, Jeremiah Wright, que fez seu casamento e batizou Malia e Natascha. Wright, da Igreja Batista da Trindade Unida de Chicago, causou polêmica quando vídeos de seus sermões foram parar na internet. Ele denunciou os EUA como país desigual, injusto e racista. Disse ainda que os atentados terroristas de 11 de setembro foram uma resposta à política externa do país. Obama negou publicamente ser influenciado pelos sermões do pastor, disse que os dois tinham ideias distintas sobre o futuro do país. Mas as acusações contra a formação de Obama estavam apenas começando. A campanha de McCain passou a ressaltar a juventude transviada do democrata no Havaí, regada a cocaína e maconha. Obama admitiu que usou ambas. Os republicanos também bateram na tecla das relações entre Obama e o ex-terrorista Bill Ayers - que integrou na década de 1960 uma organização anarquista chamada Weather Underground. O objetivo do grupo, naqueles tempos de Guerra do Vietnã, era derrocar o governo norte-americano. Obama conheceu Ayers já em Chicago, quando o ex-terrorista era professor. Conseguiu provar que não teve ligação nenhuma com ele nos tempos em que o Weather Underground promovia atentados terroristas. Em 4 de novembro de 2008, Barack Hussein Obama II se tornou o primeiro negro eleito presidente dos Estados Unidos. Obteve 365 votos no Colégio Eleitoral, contra 173 de McCain. Quase 66% dos 153,1 milhões eleitores registrados para votar compareceram às urnas, o que representou a maior taxa de participação desde 1908. Em seu discurso de vitória, Obama foi aplaudido por uma multidão que esperava desde a manhã daquela terça-feira para entrar no Grant Park, em Chicago. Ele prometeu levar "mudança" para Washington, tema que marcou sua campanha desde a disputa das primárias. "Foi uma longa campanha, mas, nesta noite, por causa do que nós fizemos neste dia, neste momento definidor, a mudança chegou à América", disse o democrata de 47 anos a mais de 200 mil apoiadores extasiados pela vitória.

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