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George W. Bush pensa em seu futuro fora da Casa Branca

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WASHINGTON - O presidente George W. Bush já está pensando o que fará da vida quando deixar a Casa Branca, mas isso não significa que ele pretende passar dias ociosos sob o sol do Texas depois de oito anos de intenso trabalho no cargo mais importante do planeta. Em seu penúltimo dia de trabalho, passou telefonando para dirigentes aliados, como o italiano Silvio Berlusconi, rivais, como o russo Vladimir Putin, e também com outros, como o brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva. Bush, que deixa de ser presidente nesta terça-feira ao meio-dia (15h de Brasília), "expressou sua gratidão pela generosa hospidalidade demonstrada por esses dirigentes durante todos esses anos, e disse como gostou de trabalhar com eles durante seus dois mandatos", declarou Gordon Johndroe, porta-voz da Casa Branca. Agora é vida nova e pensar no futuro. "Não posso me imaginar com um chapéu de palha e uma camisa havaiana sentado na praia, principalmente depois que parei de beber", comentou rindo, na semana passada, ao falar sobre o que pretende fazer depois que passar o comando para Barack Obama. A princípio, Bush pretende viajar para seu rancho no Texas para montar uma biblioteca e um museu presidenciais, escrever um livro, dedicar-se ao mountain bike - sua paixão - e criar um instituto para promover reformas democráticas. Mas não dúvida de que levará algum tempo para se acostumar à mudança, principalmente quando deixar de lado sua agitada agenda presidencial e assumir a vida civil. "Não estou certo do que espero. Nos últimos oito anos recebi todos os dias, exceto aos domingos, um resumo de segurança nacional. E quando você recebe um resumo assim, isso te recorda as responsabilidades do trabalho", contou. "O interessante deste trabalho é que uma coisa é tratar do que se espera, mas o verdadeiro desafio é se ver numa situação de lidar com o inesperado", acrescentou ele, em sua última coletiva de imprensa. Bush foi muito criticado por dedicar muito tempo às férias em seu rancho perto da pequena localidade de Crawford, no Texas, e ele comentou essas críticas: "Nunca se escapa da presidência". Ele já tem planos para a próxima quarta-feira, pela manhã, quando acordar em Crawford, depois de ter voado para lá a bordo do Air Force 747, que já não será chamado Air Force One: "Acho que vou preparar o café e levar para Laura". Bush e a primeira-dama dividirão seu tempo entre Crawford e sua nova casa numa das zonas mais exclusivas de Dallas, também no Texas, onde ela comprou uma casa no final de 2008 sem que o marido sequer tenha visto. O instituto de Bush, com sede em Dallas, promoverá os principais lemas de sua presidência: o apoio às reformas democráticas no exterior, o livre comércio e a colaboração com os países pobres africanos na luta contra a Aids e a malária. Também apoiará os compromissos de Laura em ajudar as mulheres no Afeganistão e Oriente Médio e promover a democracia em Mianmar. A primeira-dama assinou recentemente um contrato com a editora Scribner para publicar em 2010 suas memórias, incluindo seus oito anos na Casa Blanca. "Contarei histórias sobre os eventos extraordinários e sobre as pessoas que conheci, particularmente durante meus anos na Casa Branca", indicou Laura Bush citada num release da Scribner. George Bush também disse recentemente que está pensando em escrever um livro sobre as difíceis decisões que teve de tomar durante seu conturbado duplo mandato.