BRUXELAS - Um lençol preto foi colocado para cobrir a parte de representa simbolicamente a Bulgária na polêmica escultura "Entropa", que enfeita a entrada da sede da União Europeia (UE), em Bruxelas. A operação foi realizada discretamente durante a noite, obedecendo instruções da presidência da UE.
O artista conceitual tcheco David Cerny, autor do polêmico painel "Entropa", havia declarado estar disposto a retirar algumas de suas partes em caso de novos protestos despertados por sua obra. O artista também se disse disposto a devolver o dinheiro que cobrou pela criação.
A escultura é uma espécie de 'puzzle' gigante que representa, segundo Cerny, os preconceito existentes em cada um dos 27 países da UE e deveria ser inaugurada oficialmente nesta quinta-feira.
A Bulgária, representada por um banheiro turco, apresentou um protesto diplomático e pediu a retirada da parte que lhe diz respeito.
Em Bratislava, o partido nacionalista governamental protestou contra a apresentação da Eslováquia como um salsichão envolto na bandeira tricolor da vizinha Hungria.
No puzzle, a França está coberta com um cartaz de "greve", Luxemburgo está "à venda", a Espanha totalmente coberta por concreto, a Grã-Bretanha, por seu euroceticismo, está vazia.
A Alemanha é mostrada com trechos de rodovia cuja disposição recorda uma cruz suástica, a Dinamarca está simbolizada por um montagem de Legos que podem evocar a caricatura de Maomé, que provocou a indignação das comunidades muçulmanas no final de 2005.
David Cerny rejeita as acusações sobre a cruz suástica e a caricatura de Maomé. "É uma ironia, nada mais, é como um espelho no qual nos olhamos; é preciso sorrir ao ver nossa imagem e não levar as coisas tão a sério", afirmou.