WASHINGTON - Alarmados com a invasão de hordas "obamaníacas" pela posse do 44º presidente dos Estados Unidos, um grande número de habitantes de Washington pretende fugir da capital ou permanecer trancados dentro de casa, vendo as cerimônias através da TV.
As autoridades calculam que entre um e dois milhões de pessoas tentarão chegar ao Mall, a esplanada de três quilômetros de comprimento diante do Capitólio, a sede do Congresso, onde Barack Obama prestará juramento na terça-feira, 20 de janeiro.
Diante desta multidão, a capital de 600.000 habitantes (que chega a seis milhõess com os subúrbios dos estados vizinhos de Maryland e Virginia) corre o risco de ficar praticamente em estado de sítio, já que o centro da cidade estará fechado ao trânsito.
Para este dia, feriado em quase todos os estados do país, o metrô de Washington deve ter um movimento sem precedentes desde as primeiras horas da manhã. Muitos moradores de Washington aproveitarão o fim de semana prolongado (19 de janeiro também é feriado em memória do líder dos direitos civis Martin Luther King) para deixar a cidade ou descansar apenas dentro de casa.
"Vou ficar em casa e assistir a cerimônia na televisão. Vou ver melhor assim", decidiu Natasha Osborne. "Tenho horror de multidão. Nunca assisti sequer aos fogos de artifício de 4 de julho", explica Rossana Berti, uma pesquisadora que pretende festejar a posse de Obama esquiando nas montanhas Apalaches.
Aproveitando estas circunstâncias, as empresas de turismo criaram pacotes de ofertas para atrair todos os habitantes de Washington que preferem se afastar da confusão.
O Pawleys Plantation, um clube de férias para golfistas da Carolina do Sul, a mais 500 quilômetros da capital, fez uma "promoção de posse" de quatro noite, com alimentação incluída, por 344 dólares. Ainda mais longe de Washington, em Amelia Island (Flórida), sete hotéis à beira do mar oferecem descontos de 20% a 45% nas diárias para moradores de Washington.
"Queríamos oferecer outra possibilidade aos que desejam fugir de Washington e das grandes multidões esperadas para a posse", comenta Gil Langley, funcionário da secretaria de turismo.
À medida que se aproxima o Dia D, alguns começam a se questionar se a afluência esperada aos pés do Capitólio não terminará sendo menor que o previsto, enquanto a imprensa afirma que será um verdadeiro pesadelo para os que desejam assistir a posse nas ruas, pela grande quantidade de pessoas, o frio e a caminhada.
"Acredito que muitas pessoas vão se assustar com as previsões e terminarão desistindo", prevê Joan Porte, gerente de uma agência de turismo na Virginia. Alguns habitantes da capital, que esperavam faturar durante o fim de semana alugando dormitórios aos viajantes, já se mostram inquietos pela falta de movimento. "Não ouvi que ninguém tenha alugado nada", disse Grace Steckler, que anunciou, em vão, o aluguel de seu apartamento, próximo do Capitólio, por 1.200 dólares a noite.