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Economia e defesa abrem agenda do 1º dia de Obama como presidente

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O presidente eleito dos Estados Unidos, Barack Obama, vai se reunir com sua equipe econômica e os assessores militares, na próxima quarta-feira, para trabalhar em seu gigantesco plano de resgate econômico e em questões como a guerra no Iraque e no Afeganistão, informou neste domingo o futuro porta-voz da Casa Branca. "Em primeiro lugar, ele se reunirá com sua equipe econômica para ver em que ponto estamos na questão da recuperação econômica e do plano de reinvestimento", afirmou Robert Gibbs, futuro secretário de imprensa da Casa Branca, falando ao canal FOX. "Ele também se reunirá com seus assessores militares para falar sobre os conflitos do Iraque e Afeganistão". Gibbs destacou que o objetivo das discussões sobre o Iraque é "respeitar a promessa eleitoral de retirar as tropas de combate, de forma responsável e segura, nos próximos 16 meses". Ainda há a questão de Guantánamo, pois, diante dos pedidos para pôr fim ao pesadelo dessa prisão, símbolo dos excessos da luta antiterrorista de George W. Bush, Obama deve se dedicar a esvaziar a prisão e acabar com os tribunais de exceção a partir do primeiro dia de seu mandato, como havia prometido na campanha eleitoral. O porta-voz declarou ainda que Obama convocará o povo americano, em seu discurso de posse na terça-feira, a assumir responsabilidades, ao final de tanto tempo de liberalismo e de falta de regulação. "O discurso estará impregnado da noção de responsabilidade e de colocar o país a par de tudo", explicou Gibbs. "Ele pedirá para que se inicie uma era de responsabilidade, ao final do que foi, durante muito, tempo uma cultura do 'laisser-faire'", comentou o futuro chefe de Gabinete de Obama, Rahm Emanuel, falando à NBC. "Não apenas devemos exigir do povo americano essa cultura de responsabilidade, como também que seus líderes devam dar o exemplo", insistiu. Segundo Emanuel, o novo presidente pedirá à população que "restaure uma vez mais o sistema de valores que respeita e honra a responsabilidade fiscal". "E dirá que todos nós temos algo a dar para nosso país e que temos a obrigação de fazê-lo para que recupere sua grandeza", concluiu Emanuel. Outro assessor da Casa Branca, David Axelrod, também informou, em entrevista à CNN, que Obama vai trabalhar rapidamente na questão do Oriente Médio e espera que o cessar-fogo entre Israel e o Hamas perdure. "Todos nós estamos com esperanças de que o cessar da violência se mantenha", afirmou. Quando indagado se Obama designará imediatamente um enviado especial para o processo de paz no Oriente Médio, Axelrod assinalou que o futuro presidente "pretende se comprometer logo e agressivamente com a diplomacia em todo o mundo". "Acho que os acontecimentos no mundo exigem que ele aja rapidamente e acho que vocês o verão agir rapidamente". Obama tem-se negado a falar sobre a crise no Oriente Médio, insistindo em que "existe apenas um presidente por vez", representando os Estados Unidos no exterior. O discurso de posse de Barack Obama, um orador de talento reconhecido, suscita expectativas em todos os setores da sociedade americana e mesmo mundial. Obama afirmou que espera não fracassar em seu discurso, levando em consideração o caminho percorrido pelos negros americanos, de quem ele será o primeiro representante na chefia da presidência americana. Ele contou ter ficado embargado pela emoção, em agosto passado, ao repetir seu discurso na Convenção Democrata, em um trecho dedicado ao líder negro assassinado, Martin Luther King. "Sem remontar à escravidão, podemos nos lembrar do que era uma cidade, como a de Washington (marcada pela segregação), há 50, ou 60 anos, e agora eu vou para lá, prestar juramento como o 44º presidente dos EUA", declarou. "Isso é uma coisa que nossos filhos, felizmente, consideram como conquistado, mas para nossos avós, isso é sensacional, e será um momento extraordinário", completou.