GAZA- Trinta e cinco palestinos foram mortos neste domingo (4/1) pelo Exército de Israel na Faixa de Gaza, onde ativistas palestinos enfrentam tanques israelenses posicionados em vários eixos estratégicos, em uma ampla ofensiva dirigida contra os islamitas do Hamas. Apoiadas por bombardeios da artilharia e da aviação, as tropas israelenses avançaram em vários setores do território palestino, onde entraram na noite deste sábado após uma semana de ataques aéreos.
Combates foram registrados perto de Jabaliya, no norte da Faixa de Gaza, e no bairro de Zeitun, no leste da cidade de Gaza. Trinta e cinco palestinos, entre eles pelo menos 17 civis, foram mortos neste domingo na Faixa de Gaza, principalmente no norte do território. Assim, o número de mortos desde o início dos ataques israelenses, em 27 de dezembro, chegou a 485, segundo o chefe dos serviços de emergência locais, Muawiya Hassanein.
Cinco palestinos da mesma família morreram quando o carro onde estavam foi atingido por um obus de tanque israelense perto da cidade de Gaza, segundo fontes médicas palestinas. Cerca de 2.500 pessoas também foram feridas. De acordo com testemunhas, cerca de 50 tanques blindados e unidades de infantaria tomaram posição perto da antiga colônia judaica de Netzarim, 3 km ao sul da cidade de Gaza.
Dezenas de famílias se amontoaram em caminhões e fugiram na direção do sul. Apesar da presença das tropas israelenses no terreno, grupos armados palestinos atiraram desde a noite de sábado 32 foguetes e obuses de morteiro contra Israel, ferindo levemente uma mulher, informou um porta-voz militar israelense.
Segundo um primeiro balanço oficial israelense, um militar morreu e outros 30 foram feridos, dois deles gravemente, desde o início da ofensiva terrestre. Canais de TV árabes tinham mencionado a morte de um soldado israelense, o que o exército negou num primeiro tempo mas acabou confirmando.
"Nossas forças atingiram os objetivos que haviam sido definidos para impedir os disparos de foguetes. A operação está indo mais rápido que o previsto", declarou o porta-voz do Exército israelense, o general Avi Benyahou. "A principal oposição encontrada por nossas forças é constituída de tiros de morteiro", destacou. "É possível que tenhamos de manter por algum tempo o controle de alguns setores de onde são disparados os foguetes, mas o objetivo não é reocupar a Faixa de Gaza".
Um alto responsável do Hamas, Mushir al-Masri, garantiu que "o inimigo não conseguiu alcançar seus objetivos" e que "a resistência, com os poucos recursos que tem, lhe supreendeu". "Quando chegar a hora, o inimigo anunciará seu fracasso, e a resistência proclamará a vitória", profetizou.
O Hamas qualificou de "farsa" a incapacidade do Conselho de Segurança da ONU de chegar a um acordo, após quatro horas de discussões, sobre um texto pedindo o fim das hostilidades em Gaza, principamente por causa da intransigência dos Estados Unidos. Em Londres, o primeiro-ministro britânico Gordon Brown se referiu a um "momento muito perigoso" no conflito israelense-palestino. Já a França condenou a ofensiva terrestre.
A Comissão Européia pediu a Israel que garanta um "espaço humanitário" para distribuir a ajuda, e anunciou uma verba suplementar de três milhões de euros para a Faixa de Gaza. O Egito também pediu a abertura de corredores humanitários para permitir a chegada de alimentos e remédios ao território palestino.
Nenhum comboio de ajuda deve chegar neste domingo por causa dos combates. O Papa Bento XVI denunciou "as notícias dramáticas que vêm de Gaza", e lamentou que "a recusa do diálogo" leve a situações "que prejudiquem as populações, mais uma vez vítimas do ódio e da guerra". A Rússia se declarou "extremamente preocupada" com a ofensiva terrestre, e anunciou o envio de um emissário à região para contribuir com os esforços diplomáticos visando a obtenção de um cessar-fogo.
No norte da Cisjordânia, um palestino foi morto por soldados israelenses quando protestava contra a ofensiva em Gaza, informaram fontes médicas e de segurança. Num momento em que manifestações contra a ofensiva israelense se multiplicam em todo o mundo, uma delegação da União Européia viajou neste domingo à região para tentar conseguir um cessar-fogo. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, é aguardado segunda-feira no Oriente Médio.