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Manifestações palestinas no sétimo dia da operação israelense em Gaza

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Milhares de palestinos se manifestaram nesta sexta-feira na Cisjordânia contra a operação israelense na Faixa de Gaza, onde três crianças de uma mesma família foram mortas no sétimo dia da ofensiva. Na parte leste de Jerusalém, onde a polícia israelense reforçou a segurança e limitou o acesso à esplanada das Mesquitas, quase 3.000 fiéis rezaram pacificamente.

Porém, jovens palestinos entraram em confronto com policiais israelenses em vários bairros da cidade depois da oração, segundo um fotógrafo da AFP. Os policiais israelenses atiraram bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo para dispersar os manifestantes.

Manifestações convocadas por vários movimentos palestinos e principalmente pelo Hamas, que proclamou nesta sexta-feira um "dia da ira" contra Israel, também foram registradas na Cisjordânia.

Em Ramallah, sede da Autoridade Palestina, milhares de manifestantes vigiados por um imponente esquema de segurança desfilaram depois da tradicional oração de sexta-feira.

Erguendo bandeiras palestinas e do Fatah, o partido do presidente Mahmud Abbas, assim como várias bandeiras do rival Hamas, os manifestantes clamaram: "estamos prontos a sacrificar nossa alma e nosso sangue por Gaza".

Eles também expressaram apoio ao Hamas, e lançaram apelos a "atacar Tel Aviv". "Qassam, traga os carros-bomba", gritaram centenas de manifestantes em Nablus, mais ao norte, referindo-se ao braço armado do Hamas, as Brigadas Ezzedin al-Qassam.

No sul da Cisjordânia, congregações foram registradas na região de Belém. Em Hebron, mil manifestantes foram disperados a golpes de cassetetes pela polícia palestina depois de terem atirado pedras nas forças da ordem, segundo testemunhas.

O ataque que provocou a morte dos pequenos Iyad, Mohammad e Abdelsattar al-Astal, com idades de sete a dez anos, aconteceu em Al-Qarara, no sul da Faixa de Gaza. O alvo era aparentemente um local utilizado por ativistas para disparar foguetes, segundo testemunhas.

De acordo com um balanço fornecido pelo chefe dos serviços de emergência em Gaza, Muawiya Hassanein, 430 palestinos morreram e cerca de 2.500 ficaram feridos desde o início da operação israelense, em 27 de dezembro.

Dezenas de civis, entre os quais 65 crianças "menores de 16 anos", estão entre as vítimas, destacou Hassanein. A casa de um líder das Brigadas Ezzedin al-Qassam no centro da Faixa de Gaza foi bombardeada pela aviação israelense nesta sexta-feira, informaram testemunhas, sem mencionar vítimas.

O "dia de ira" foi decretado pelo Hamas após a morte, na quinta-feira, de um de seus principais dirigentes, Nizar Rayan, em um ataque aéreo que também matou suas quatro mulheres e 11 de seus filhos. Milhares de palestinos clamando por vingança assistiram ao funeral do líder do Hamas.

Em Israel, o primeiro-ministro, Ehud Olmert, e os ministros das Relações Exteriores, Tzipi Livni, e da Defesa, Ehud Barak, estavam reunidos na tarde desta sexta-feira em Tel Aviv para decidir as modalidades do prosseguimento da operação na Faixa de Gaza, onde uma ofensiva terrestre parece cada vez mais iminente.

O Egito, um dos raros países da região a reconhecer o Estado hebreu, enviou uma carta a Israel pedindo que desistisse de tal ofensiva. Em Washington, a Casa Branca considerou que a decisão de conduzir ou não uma ofensiva terrestre cabe apenas aos israelenses. Mais cedo, a secretária de Estado, Condoleezza Rice, defendeu a instauração "o mais rápido possível" de um cessar-fogo "duradouro".

Israel rejeitou quarta-feira propostas de trégua formuladas pela União Européia. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, é aguardado segunda-feira na região. O Programa Alimentar Mundial (PAM) denunciou por sua vez uma situação alimentar "terrível" em Gaza.

Manifestações de repúdio à operação israelense foram registradas em Cabul, Jacarta, Istambul, Beirute e no Irã. A ofensiva israelense tem o apoio de 95% da população judia, segundo uma pesquisa do jornal Maariv.

Apesar dos ataques aéreos, os disparos de foguetes continuam. Segundo Israel, mais de 360 foguetes deixaram quatro mortos, entre eles um soldado, e uma dezena de feridos, desde o dia 27 de dezembro. De acordo com o Exército, mais de 20 foguetes foram disparados nesta sexta-feira.