MOSCOU - A Ucrânia ainda não está recebendo gás nesta sexta-feira (02/01) por falta de um acordo com a Rússia, e uma delegação ucraniana deve ir à Europa, que por enquanto não sofreu nenhuma perturbação no fornecimento do carburante.
A delegação composta principalmente pelo ministro da Energia Iouri Prodan, do vice-ministro dos Assuntos estrangeiros, Kostiantin Eliseïev, e de um dirigente da empresa ucraniana de hidrocarbonetos Naftogaz Vadim Tchouproun, vai primeiro à República Tcheca, que preside desde quinta-feira a União Européia.
"O objetivo principal da viagem é dar explicações aos países-membros da UE sobre a situação do transporte de gás russo para a Ucrânia e os países da UE, de dar garantias sobre o trânsito do produto pelo território ucraniano", indicou um comunicado da presidência ucraniana.
Até agora nenhum país europeu teve problemas de abastecimento em gás russo: 80% do gás que os europeus importam da Rússia passam pela Ucrânia. Kiev garantiu que possui reservas de gás suficientes para passar todo o inverno.
A direção da estatal russa do gás, Gazprom, acusou hoje a Ucrânia de "roubar" o gás natural russo que transita por esse país com destino a clientes na Europa. "A parte ucraniana admite abertamente que rouba o gás e não tem vergonha", declarou o porta-voz da Gazprom, Sergueï Kouprianov, em entrevista à imprensa transmitida ao vivo pela televisão.
Em Kiev, a Ucrânia reagiu, explicando que retém, em seu território, uma determinada quantidade por motivos técnicos (21 milhões de m3 em 24 horas) relacionados ao transporte, declarou à AFP um porta-voz da estatal Naftogaz.
Já o governo da Rússia propôs convocar uma sessão extraordinária do Parlamento europeu dedicada à crise entre Moscou e Kiev sobre a questão do fornecimento, anunciou o vice-ministro russo das Relações Exteriores Alexandre Grouchko em pronunciamento na televisão.
Segundo o vice-ministro, tal sessão daria à parte russa a possibilidade de exprimir sua visão das coisas. Em 2006, a Rússia acusou a Ucrânia de roubar o gás destinado à Europa, que então estava sem receber todo o gás que compra dos russos.
A Gazprom já endureceu sua posição com relação a Kiev depois de ter cortado o gás na quinta-feira por falta de assinatura de um novo contrato para abastecimento da Ucrânia antes da data limite de 31 de dezembro.
A empresa russa pede ainda o "preço europeu" de 418 dólares por 1.000 m3 de gás para entrar o carburante à Ucrânia, já que esta última recusou a proposta russa de tarifa reduzida de 250 dólares.
A Naftogaz se disse disposta a pagar 235 dólares e pedia uma alta de 1,7 a 1,8 dólar do preço do trânsito de 1.000m3 de gpas em 100km do território da Ucrânia.
Pelo protocolo de acordo assinado em 2 de outubro entre Moscou e Kiev, a Rússia aceitou que a passagem de um preço reduzido a um preço de mercado para suas entregas de gás seja progressiva, mas apenas se Kiev cumprisse todas as suas obrigações com Moscou.
Então a Gazprom pedia o pagamento de mais de dois milhões de dólares de dívidas ucranianas, mas a empresa de gás Naftogaz pagou apenas 1,5 bilhão de dólares. As empresas Gazprom e Naftogaz garantiram estar prontas a retomar as negociações, acusando no entanto uma a outra de impedir as mesmas.