O secretário americano da Defesa, Robert Gates, avisou nesta quinta-feira que o "combate no Afeganistão será longo", prometendo enviar para lá pelo menos cerca de 12.000 homens nos seis próximos meses. Gates falou sobre o assunto durante uma visita surpresa ao país.
"Acredito que existe uma obrigação para um compromisso duradouro, por um período bastante longo. Quantos anos, quantos soldados, ninguém sabe ainda", declarou Gates à imprensa em Kandahar, no sul do Afeganistão. "Trata-se de um longo combate, que vai durar até que tenhamos sido vitoriosos ao lado do povo afegão", acrescentou.
Robert Gates falou sobre o assunto depois de uma reunião com o general americano David McKiernan, comandante das forças internacionais no Afeganistão, e generais britânicos e holandeses, cujos contingentes estão posicionados no sul do país.
O general McKiernan afirmou que ainda serão necessários três a quatro anos antes que as forças de segurança afegãs possam dispensar a ajuda dos soldados estrangeiros. Há atualmente 70.000 militares estrangeiros no Afeganistão, metade deles americanos.
Enquanto isso, para enfrentar uma insurreição em pleno crescimento, o general americano pediu o envio de quatro brigadas americanas e de diversos elementos de apoio suplementares, o que representa um total de 20.000 homens.
Já foi anunciado o envio de uma brigada (3.500 a 4.000 homens) para garantir a segurança nas províncias em volta de Cabul. Além disso, "esperamos poder enviar outras duas brigadas nos próximos meses", disse Gates.
No entanto, o secretário da Defesa advertiu para que não fosse enviado um número muito alto de soldados ao Afeganistão, um país abalado pela guerra civil e por ataques constantes contra as tropas estrangeiras.
"A história das forças estrangeiras no Afeganistão não é muito positiva: elas foram consideradas pelos afegãos como ocupantes, e que vieram unicamente para defender os próprios interesses", destacou o secretário da Defesa. "Os soviéticos não conseguiram vencer no Afeganistão com 120.000 homens", afirmou.
"Recolocar os afegãos no primeiro plano é um elemento chave, mas é preciso também determinar o ponto em que as tropas estrangeiras são numerosas demais para serem eficientes", prosseguiu Gates.
O secretário da Defesa ressaltou o consenso sobre a aceleração da formação do Exército afegão. "É o país deles, o combate deles e o futuro deles", sentenciou.
Até agora, a guerra no Iraque foi o principal empecilho para o envio de novas tropas ao Afeganistão. No entanto, a situação vai mudar, com a recente assinatura de um acordo com Bagdá prevendo a retirada das tropas de combate americanas das cidades iraquianas até junho de 2009 e, do país, até 2011.
"O mês de junho marcará realmente uma transformação significativa da missão" no Iraque, ressaltou. Ex-diretor da CIA nomeado no fim de 2006 pelo presidente George W. Bush, Gates foi mantido no cargo pelo presidente eleito Barack Obama, que tomará posse em 20 de janeiro.