NOVA DÉLHI - A Índia advertiu nesta quinta-feira (11/12) que o sul da Ásia está no "epicentro do terrorismo", no dia em que o único terrorista sobrevivente dos atentados de Mumbai foi colocado em prisão preventiva. O ministro indiano do Interior, Palaniappan Chidambaram, voltou a acusar o Paquistão, mas o chanceler descartou uma guerra contra o vizinho.
"O sul da Ásia está no epicentro do furacão do terrorismo", declarou Palaniappan Chidambaram no Parlamento da Índia, antes de repetir: "O dedo da suspeita aponta, sem dúvidas, para o território de nosso vizinho, Paquistão".
Já o ministro das Relações Exteriores, Pranab Mukherjee, descartou uma ação militar contra o Paquistão, apesar de ter chamado este país de "epicentro" dos atentados de Mumbai no fim de novembro, que deixaram 172 mortos, incluindo nove dos 10 terroristas.
"Esta não é a solução", disse o chanceler Pranab Mukherjee, ao responder a um deputado que perguntou se a Índia deveria atacar o Paquistão. "Os organizadores dos ataques de Mumbai estavam no Paquistão. Há provas irrefutáveis de que o epicentro deste ataque, e não apenas este, como de muitos outros, está no país vizinho", completou.
Chidambaram também anunciou amplas reformas da legislação sobre segurança, além de novas infra-estrutras para impedir ataques no futuro. Entre as iniciativas figuram medidas para preencher as lacunas dos serviços de inteligência, assim como as falhas logísticas, tão criticadas após os ataques de Mumbai.
O país pretende criar 20 centros de formação da polícia antiterrorista. Também prevê reforçar a segurança ao longo de 7.500 quilômetros de costa, para prevenir ataques como os de Mumbai, onde os terroristas chegaram pelo mar. O governo do Paquistão voltou a afirmar que não recebeu nenhuma prova por parte da Índia que envolva algum de seus cidadãos nos atentados.
O único sobrevivente dos 10 terroristas responsáveis pelos ataques permanecerá em prisão preventiva até pelo menos 24 de dezembro. "Está em prisão preventiva até o dia 24 de dezembro", anunciou o policial responsável pela investigação, o chefe da brigada criminal de Mumbai, Rakesh Maria.
Os magistrados visitaram o criminoso, Mohammed Ajmal Amir Iman, na prisão do quartel-general da polícia de Mumbai. Eles permaneceram 15 minutos no local e saíram sem fazer declarações à imprensa.
A polícia de Mumbai informou que os investigadores estão decidindo as acusações contra Iman, que provavelmente incluirão atos de guerra contra o país, assassinatos, tentativas de assassinato e outras infrações da legislação sobre armas e explosivos.
Iman, identificado pelas autoridades indianas como um cidadão paquistanês, era um dos 10 integrantes do comando islamita que matou 163 pessoas em vários pontos de Mumbai, incluindo dois hotéis de luxo, uma estação de trem e um centro judaico, entre 26 e 29 de novembro.
Segundo a polícia, Iman participou no massacre na principal estação de trens de Mumbai. A Índia afirma que os 10 terroristas foram treinados e enviados pelo Lashkar-e-Taiba (LeT), um grupo extremista islâmico ilegal com sede no Paquistão, que no passado já teve vínculos com os serviços secretos deste país.
Sob forte pressão internacional, Islamabad prendeu 16 pessoas, 15 delas em um acampamento da organização de caridade Jamaat-ud-Dawa, considerada o braço político do Lashkar-e-Taiba.