Nova Délhi - A Índia anunciou nesta quinta-feira (11/12) uma grande reformulação nos setores de segurança e inteligência, como conseqüência dos ataques em Mumbai, no mês passado, que deixaram mais de 170 mortos e geraram forte pressão pública por uma resposta do governo. Entre as novas medidas, o governo planeja criar uma agência nacional investigativa no estilo da norte-americana FBI. Será reforçada a segurança costeira, a polícia local que atua nos trens será melhor treinada, as leis antiterror serão fortalecidas e aumentará a troca de informações entre os diferentes setores da inteligência.
As informações foram divulgadas pelo ministro de Interior, Palaniappan Chidambaram. "Dada a natureza da ameaça, nós não podemos voltar a atuar como normalmente", disse o ministro em discurso ao Parlamento. Chidambaram prometeu "tomar certas decisões duras para preparar o país e o povo para enfrentar o desafio do terrorismo".
A reformulação é a primeira resposta detalhada do governo diante do descontentamento popular com relação aos problemas de segurança e inteligência nos ataques na capital financeira do país. Chidambaram anteriormente se desculpou pelos "lapsos" do governo no caso.
Também hoje, a Índia respondeu formalmente às recentes operações realizadas pelo Paquistão. O ministro de Relações Exteriores indiano, Pranab Mukherjee, pediu que Islamabad atue decididamente para desmantelar as operações terroristas no país. "O que nós estamos dizendo ao governo do Paquistão é para agir", afirmou, também no Parlamento.
Audiência - Enquanto isso, a polícia de Mumbai voltou atrás nos planos para levar o único suspeito vivo dos ataques, Mohammed Ajmal Kasab, à corte hoje para uma audiência. Os policiais citaram problemas de segurança. Ao invés disso, um juiz foi até um edifício da polícia e concedeu às autoridades permissão para manter Kasab preso por mais duas semanas, segundo o promotor Eknath Dhamal. Pela legislação indiana, a polícia pode manter detidos suspeitos por meses, antes que qualquer acusação formal seja apresentada.
Segundo as autoridades, Kasab foi interrogado e forneceu importantes detalhes sobre os ataques e também sobre os responsáveis pela operação. Muitos advogados da cidade disseram que não defenderão o réu. Um advogado designado pela corte, Dinesh Mota, recusou-se a aceitar o caso.
Nesta quarta-feira, a polícia identificou outras duas pessoas envolvidas no treinamento dos dez agressores. Um deles, identificado apenas como Khafa, seria um alto nome do grupo paquistanês Lashkar-e-Taiba. O outro, Abu Hamza, que também seria um alto líder do Lashkar, seria responsável por grande parte do treinamento enquanto os homens estavam em uma casa em Azizabad, no Paquistão, por três meses, se preparando para os ataques. Segundo a polícia, o Lashkar também utilizou um militante indiano na operação.
Ainda nesta quinta-feira, um painel do Conselho de Segurança da ONU declarou o Jamaat-ud-Dawa uma organização terrorista e sujeita a sanções. O Conselho de Segurança qualifica o Jamaat como uma fachada do Lashkar.